“O primeiro pedido de ajuda chegou em setembro” do ano passado e, nessa altura, “começámos a ajudar duas pessoas”, revela à agência Lusa Manuel Chambel, da União Audiovisual.
Mais algumas pessoas fizeram, depois, chegar os seus pedidos de ajuda. “Em dezembro, apareceram mais duas e, em janeiro, outras duas”, conta.
Segundo o dirigente desta associação que apoia profissionais da Cultura, os beneficiários no Alentejo são dois técnicos, três músicos e um artista circense e de rua, oriundos de Évora, Montemor-o-Novo, Beja e Portalegre.
Manuel Chambel, técnico de som a trabalhar para empresas de Évora, decidiu juntar-se à União Audiovisual, logo em abril de 2020, no início desta associação, quando ainda era um grupo informal, ao saber do projeto pelas redes sociais.
Os cabazes entregues às famílias do Alentejo, com profissionais da Cultura sem trabalho, são constituídos por alimentos, produtos frescos e mercearia, e “coisas para casa, como detergentes, gel de banho e champô”, refere.
Os “pontos de recolha”, adianta o responsável, estão a funcionar em lojas de instrumentos musicais, empresas de equipamentos audiovisuais e associações culturais da região, onde qualquer pessoa pode deixar o seu contributo.
“Faço a entrega de cabazes” aos beneficiários “no princípio de cada mês”, mas, antes, “entro em contacto com os pontos e agendamos” a recolha dos contributos e, no próprio dia, “compramos os frescos” e o que “não tivermos” em ‘stock’, relata.
O dirigente da União Audiovisual indica que, além destes contributos, os cabazes incluem ainda outras doações, de empresas e autarquias, e os produtos comprados pela associação, com verbas conseguidas através de campanhas.
Mas nem sempre foi assim. Nos primeiros três meses de atividade da União Audiovisual Alentejo, entre abril e julho de 2020, os produtos recolhidos eram levados para Lisboa, uma vez que, nessa altura, não estavam identificadas necessidades na região.
Manuel Chambel conta que o primeiro trabalhador da área da Cultura apoiado no Alentejo foi identificado por um profissional do setor em Lisboa, e que os que se seguiram pediram ajuda através da página na Internet da União Audiovisual.
“As pessoas, às vezes, têm receio e uma certa vergonha de pedir ajuda e, apesar de termos um ‘site’ a funcionar muito bem, não é fácil” para os profissionais da Cultura recorrerem à plataforma digital para solicitar apoio, admite.
O dirigente acredita que “nos meios mais pequenos as pessoas acabam por ter um apoio diferente” do que nos grandes centros urbanos, com a ajuda das famílias, sendo também mais fácil identificar os casos.
“Na nossa área, também não há assim tanta gente e as pessoas que conheço mais diretamente têm apoio e não noto que haja mais alguém que esteja a passar dificuldade, até porque o meio é pequeno e acabamos por nos conhecer quase todos”, salienta.
Ainda assim, Manuel Chambel está otimista e prefere ver “o copo sempre meio cheio e nunca meio vazio”, uma vez que “o ano passado já foi, este ano será igual ou pouco diferente” e, “em 2023, já ninguém se lembrará do covid-19″.
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