Ainda não eram 11h00 quando chegaram aos armazéns em Alcântara as primeiras paletes de alimentos recolhidos em supermercados do distrito de Lisboa, onde eram esperadas por dezenas de voluntários, já com alguma impaciência para iniciar o trabalho de separação dos bens por género alimentar.
Segundo Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, a logística feita em Lisboa é repetida nas 21 lojas que o banco alimentar tem em todo o país.
“Há 21 bancos alimentares que estão em campanha de recolha de alimentos e estes bancos contam com os seus voluntários para propor a quem vai às compras (...) que partilhem com os mais carenciados da sua região exatamente o mesmo que vão comprar para as suas casas”, disse.
“Temos mais de duas mil lojas, em cada loja há uma equipa de voluntários, depois temos voluntários que asseguram os transportes e voluntários que nos armazéns ajudam a escolher, a separar, a pesar e a arrumar todos os produtos. São dois dias muito intensos e precisamos de todas estas pessoas”, acrescentou.
Os alimentos são pesados quando chegam, passam por uma passadeira, onde são separados por voluntários, cada um deles responsável por agrupar um género alimentar, que será depois embalado nas caixas que serão entregues a instituições e famílias.
No final desta logística de separação, os bens voltam a ser pesados para que o Banco se certifique que nada falhou no processo, explicou Isabel Jonet.
A responsável destacou que este fim de semana o Banco Alimentar tem como grande concorrente a praia e, de facto, apesar das paletes acumuladas, apenas pelas 12h30 houve voluntários suficientes para que a passadeira elétrica de separação dos bens alimentares fosse ligada, acompanhada pelo som da música “Contentores”, dos Xutos e Pontapés, por iniciativa da rádio da Universidade Autónoma de Lisboa, que ali monta um pequeno estúdio em todas as campanhas desde 2006, para animar os voluntários.
“O Banco Alimentar é um apelo à cidadania e à intervenção coletiva na solidariedade. Mais do que só angariar alimentos, é um despertar de consciências para uma realidade com a qual não nos podemos conformar”, destacou a responsável.
Nos vários pontos de recolha e nos vários armazéns em todo o país estão envolvidos cerca de 40 mil voluntários, identificados com ‘tshirts’ com o logótipo do banco alimentar, mas com cores que variam consoante a tarefa desempenhada.
Além dos voluntários mais visíveis, nos supermercados, existe toda uma megaoperação logística por detrás, que envolve empresas e outros voluntários que ajudam com o que têm, nomeadamente como motoristas, com equipamentos, porta-paletes, empilhadoras, contentores, distribuição de alimentação para os voluntários, seguros e publicidade.
“Temos que ter toda esta cadeia bem acompanhada, precisamente para garantir que nada se perde, desde que é dado no supermercado até que chega à mesa de quem vai receber”, destacou Isabel Jonet.
Os bens alimentares recolhidos nos supermercados são geralmente distribuídos nas regiões onde são recolhidos.
“O Banco Alimentar não apoia diretamente pessoas. Aquilo que faz é ter parcerias com instituições sociais de vários tipos, em todo o país, na sua região”, explicou Isabel Jonet.
De acordo com a responsável, atualmente o Banco Alimentar tem 2.350 instituições parceiras, que distribuem os alimentos “sob a forma de refeição confecionada, servida nos lares, nas creches, no apoio domiciliar, etc., ou sob a forma de cabaz de alimentos entregues às famílias ou à população sem-abrigo”.
“Nós sabemos que há à volta de 378 mil pessoas, neste momento, que estão a beneficiar com a ajuda que é entregue por estas instituições parceiras”, disse.
A campanha decorre hoje e domingo nos supermercados, mas é possível participar até dia 8 de junho, através de vales disponíveis em todos os supermercados ou através do canal online.
No ano passado, os 21 Bancos Alimentares contribuíram com alimentos para mais de 360 mil pessoas com carências alimentares comprovadas, em parceria com 2.300 organizações sociais, e entregaram mais de 100 toneladas de comida por dia útil, num total de 27,8 mil toneladas entregues durante o ano.
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