"Na estação de Monte Velho, em Santiago do Cacém, tinha ocorrido a excedência durante cinco horas no dia 01 [quarta-feira] e ontem, dia 02, [quinta-feira]", das 11:00 às 12:00, comunicada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), às 14:00, com o valor de 196 microgramas por metro cúbico, acima do limiar de informação, disse à agência Lusa Carla Graça, da Zero.
A última informação que existe no sítio da internet da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para aquela localidade alentejana foi registada hoje às 09:00, "já com valores de 144 [microgramas], até superiores àqueles que ocorreram ontem à mesma hora, é provável que possa acontecer uma situação semelhante", salientou a vice-presidente da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero.
Carla Graça descreveu que, na quinta-feira, a situação foi-se agravando e, a partir das 14:00, entrou no limiar de alerta, acima dos 240 microgramas, com valores a chegarem aos 270, tendo depois atingido um pico de 330 microgramas, entre as 18:00 e as 19:00.
Os valores mantiveram-se superiores ao limiar de informação até às 20:00, com 273 microgramas.
"Desde as 20:00 até à 01:00 de hoje, os valores tiveram sempre acima do limiar de informação, acima dos 180 microgramas", acrescentou Carla Graça.
Tendo sido uma situação tão prolongada, das 12:00 à 01:00, mais de 12 horas, "era conveniente que o alerta tivesse sido reforçado, principalmente a partir do período do início da noite", salientou, explicando ser normal que as pessoas pensem que com a chegada da noite, deixou de haver problema de poluição por ozono.
"Têm estado a ocorrer muitos alertas à população para terem cuidado, mas é necessário que quando sucedem as situações, nos locais, que as populações sejam efetivamente avisadas", defendeu a ambientalista.
Na quinta-feira, em Ílhavo, houve uma excedência, apenas durante uma hora, das 16:00 às 17:00, e, "que tenhamos conhecimento, não houve qualquer alerta à população", acrescentou Carla Graça.
A explicação para a ocorrência daqueles valores de ozono na localidade alentejana, poderá ser explicada com as condições atmosféricas, com ventos que podem dispersar plumas de poluentes numa determinada direção, o que com elevadas temperaturas e radiação, levam às concentrações de ozono.
A população pode consultar os níveis de ozono medidos pela rede de monitorização da qualidade do ar no sítio da APA, mas é obrigação das CCDR avisarem as outras autoridades e a população, através da comunicação social, da ocorrência de ultrapassagens aos limiares.
"A informação está disponível e qualquer um pode lá ir, mas não é muito fácil navegar no 'site'", referiu Carla Graça.
A divulgação junto do público comporta dois limiares, sendo um deles de informação, quando se verifica um valor horário de ozono superior a 180 microgramas por metro cúbico (μg/m3), que implica precauções pelos grupos sensíveis, como idosos, crianças ou pessoas com problemas respiratórios.
O limiar de alerta ao público refere-se às situações com um valor de ozono superior a 240 μg/m3 por hora, devendo as precauções ser tomadas por toda a população.
A APA alertou para a possibilidade de fraca qualidade do ar em Portugal continental durante o período de onda de calor, devido às concentrações de ozono e a partículas de poeira vindas do norte de África.
Segundo a APA, as condições meteorológicas, com temperaturas muito elevadas nos próximos dias, com o aumento da concentração do ozono troposférico, sobretudo no litoral do país, e a previsão de poeiras no ar, "conduzem a uma potencial situação de fraca qualidade do ar generalizada para todo o território continental até ao final [do dia] de domingo".
Os efeitos na saúde à exposição de curto prazo a elevadas concentrações de ozono passam por danos aos pulmões e inflamação das vias respiratórias, aumento da tosse e maior probabilidade de ataques de asma.
Quando se verificam elevadas concentrações, as pessoas devem permanecer em casa ou noutros locais fechados e não fazer atividade física intensa.
Portugal continental está debaixo de calor extremo até final do dia de sábado, com 11 distritos sob aviso vermelho, o mais grave, devido a um anticiclone que transporta ar quente do norte de África.
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