Em reunião pública do executivo municipal, sob proposta de todos os vereadores da oposição - PS, Livre, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), PCP e BE - o voto de pesar pela morte do coronel Carlos Matos Gomes foi aprovado por unanimidade, acolhendo também os votos a favor da liderança PSD/CDS-PP.

Reconhecido como um dos Capitães de Abril e “livre-pensador”, o coronel Carlos Matos Gomes morreu em 13 de abril, aos 78 anos, num hospital em Lisboa.

Além da carreira militar, em que foi “uma das figuras centrais do Movimento das Forças Armadas e da Revolução de 25 de Abril de 1974”, Carlos Matos Gomes é lembrado como “um autor prolífico e interventivo, escrevendo sob o pseudónimo Carlos Vale Ferraz”.

 O voto de pesar enaltece ainda o papel do militar como historiador, conhecedor da guerra e dos seus nefastos efeitos, que estudou profundamente a Guerra Colonial, e como comentador, ensaísta e participante ativo no debate público sobre as Forças Armadas, a história da revolução e a memória coletiva.

“Foi um defensor convicto da democracia participativa, da cultura como espaço de resistência e da responsabilidade cívica como parte do legado dos militares de Abril. A sua voz foi sempre clara: o 25 de Abril não foi apenas um dia, mas um compromisso contínuo com a liberdade, a igualdade e a justiça”, lê-se no voto de pesar.

Na reunião pública, o vereador Carlos Teixeira, do Livre, em substituição do eleito Rui Tavares, questionou a liderança PSD/CDS-PP sobre a atribuição da Chave de Honra da Cidade, a título póstumo, a Salgueiro Maia, um dos capitães na Revolução de 25 de Abril de 1974. A homenagem foi aprovada, por unanimidade, em dezembro de 2024, sob proposta do Livre, mas ainda não foi concretizada.

Em resposta, o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), disse que quer fazer uma homenagem “muito única” a Salgueiro Maia, explicando que telefonou à esposa, Natércia Salgueiro Maia, para que pudesse ser no dia 25 de Abril, mas a resposta foi de que já tinha compromissos marcados há um ano.

Por considerar que “não faria sentido” fazer a homenagem sem a esposa de Salgueiro Maia, o autarca do PSD adiantou que a câmara está a tentar “acertar uma data” com Natércia Salgueiro Maia.

Por proposta do PCP, a câmara viabilizou, por unanimidade, a moção “Comemorar Abril, afirmar e valorizar o poder local democrático”, que saúda o 51.º aniversário do 25 de Abril e “o inestimável património de transformações económicas, sociais, culturais e políticas que o materializam”.

A moção pretende também “defender o poder local democrático, a sua autonomia e capacidade de realização, reafirmando Abril em cada dia de trabalho e de luta”, assim como apelar à participação nas várias iniciativas promovidas para as comemorações dos 51 anos do 25 de Abril, em particular no tradicional desfile na Avenida da Liberdade.

A propósito do 25 de Abril, foram também aprovados votos de saudação do BE e dos Cidadãos Por Lisboa, com a liderança PSD/CDS-PP a ressalvar que não se revê “em algumas partes dos preâmbulos”, mas é a favor das deliberações.

Por proposta de PSD/CDS-PP, o executivo aprovou ainda um voto de pesar pela morte de Aurélio Pereira, antigo responsável pelo departamento de recrutamento de futebol do Sporting, que foi viabilizado por unanimidade, e um voto pelo falecimento do romancista peruano-espanhol Mario Vargas Llosa, que teve a abstenção dos Cidadãos Por Lisboa.

Por unanimidade, sob proposta do PS, que foi ainda subscrita por Cidadãos Por Lisboa, Livre e BE, a câmara manifestou também pesar pela morte do antigo ministro socialista João Cravinho.

Atualmente, o executivo da Câmara de Lisboa, que é composto por 17 membros, integra sete eleitos da coligação "Novos Tempos" (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) - que são os únicos com pelouros atribuídos e que governam sem maioria absoluta -, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.