“As cidades subscritoras da Declaração de Paris, nas quais o Porto se inclui, propõe-se reduzir o estigma, atingindo a discriminação zero através do cumprimento das metas 90-90-90 por volta de 2020, isto é: 90% das pessoas que vivem com a infeção sabem que estão infetadas, 90% das pessoas que sabem que estão infetadas estejam em tratamento e 90% das pessoas que estão em tratamento tenham a infeção controlada”, explicou Rui Moreira, presidente da autarquia.
Henrique de Barros, coordenador científico e técnico do “Plano de Ação da Estratégia Porto, Cidade Sem Sida”, observou que, no Porto, “os valores do diagnóstico [da doença], por ano e por 100 mil habitantes, são quase o dobro da média nacional”.
“Apesar do sucesso em alguns aspetos, como a diminuição imensa da infeção [pelo VIH/Sida] nas pessoas que utilizam drogas, Portugal e o Porto continuam a ser das comunidades com maior risco. A infeção está a aumentar de forma muito marcada nos homens que fazem sexo com outros homens, em idades relativamente jovens”, observou o especialista.
Para Henrique de Barros, “uma das razões” para este crescimento “é o facto de a sida se ter transformado numa espécie de doença semelhante a todas as outras, para a qual existe uma resposta terapêutica bastante eficaz”.
“Isso fez baixar as guardas. Para uma pessoa ficar infetada pelo VIH, basta ter relações sexuais”, frisou o coordenador, no Porto, da estratégia mundial das “Cidades na Via Rápida para Acabar com a Epidemia VIH”.
De acordo com Henrique de Barros, no Porto a iniciativa vai apostar na “promoção do acesso ao teste do VIH”.
“Temos de ter mais testes e introduzir o teste na rotina dos exames que as pessoas fazem habitualmente, para além de aumentar distribuição de preservativos e lubrificante”, defendeu.
O presidente da Câmara, Rui Moreira, identificou como “prioridade” a aposta “na prevenção da infeção, no diagnóstico precoce” e “na correta e atempada referenciação das pessoas diagnosticadas para que sejam adequadamente acompanhadas nos cuidados de saúde”.
Carlos Nunes, presidente da Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN), defendeu a necessidade da “afirmação da saúde em todas as políticas” e apontou a estratégia de combate local à sida como “um passo em frente na relação da administração central e regional” com as autarquias.
“Esta estratégia pretende facilitar o acesso aos objetivos através do trabalho conjunto”, disse.
O protocolo foi assinado entre a Câmara do Porto, a ARSN, a agência Piaget, a ARRIMO, a associação Farmácias de Portugal, Médicos do Mundo, Centro Hospitalar de São João, Centro Hospitalar Universitário do Porto e a Direção-Geral de Saúde.
Subscreveram ainda o documento a Federação Académica do Porto, o Instituto Ricardo Jorge, a Abraço, a Misericórdia do Porto, a Universidade do Porto, o Instituto Politécnico do Porto e o Instituto Português do Desporto e Juventude, entre outras entidades.
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