Numa entrevista a vários jornais europeus, Wylie, que denunciou a polémica, foi questionado sobre se a saída do Reino Unido da União Europeia teria sido aprovada pelos eleitores britânicos em 2016 sem a interferência da Cambridge Analytica.
“Não, eles tiveram um papel decisivo, tenho a certeza”, disse Wylie, que foi diretor de pesquisa na empresa, numa entrevista de que publicam hoje diferenets excertos os jornais franceses Libération e Le Monde, alemão Die Welt, espanhol El Pais e italiano La Repubblica, entre outros.
Na entrevista, o denunciante afirma que a empresa canadiana Aggregate IQ (AIQ) trabalhou com a Cambridge Analytica para ajudar a campanha a favor do ‘Brexit’, “Leave EU”.
“Sem a Aggregate IQ, a campanha do ‘Leave’ não teria conseguido ganhar o referendo, que foi decidido por menos de 2% dos votos”, disse.
Wylie defende que “é preciso arranjar o Facebook, não eliminá-lo” e recusa a opinião daqueles que aconselham os utilizadores a apagar a conta na rede social: “Tornou-se impossível viver sem estas plataformas, mas é preciso enquadrá-las”.
O ‘whistleblower’ (expressão inglesa que designa aqueles que denunciam ilegalidades em nome do interesse público) conta por outro lado as circunstâncias da sua contratação em 2013 pela SCL, a “casa-mãe” da Cambridge Analytica para cuja criação contribuiu.
Segundo contou ao Le Monde, descobriu mais tarde que o seu antecessor “morreu em condições não explicadas no seu quarto de hotel em Nairobi, quando trabalhava para Uhuru Kenyatta”, o atual presidente do Quénia.
Wylie reitera por outro lado o envolvimento com a empresa britânica de Steve Bannon, antigo conselheiro do presidente norte-americano, Donald Trump, e antigo diretor do ‘site’ de extrema-direita norte-americano Breitbart. “Ele [Bannon] vinha a Londres pelo menos uma vez por mês”, disse ao Líbération.
Comentários