Os trabalhadores, por seu lado, vão concentrar-se à porta do teatro, à hora do espetáculo, disseram à Lusa.
Com direção e coreografia de Daniel Gorjão e dramaturgia de Sara Carinhas, "Nós como futuro" devia estrear-se hoje, no Teatro Camões, com lotação já esgotada, mas a apresentação foi cancelada por não estarem reunidas condições.
Estão previstas ainda sessões na sexta-feira e no sábado e, segundo a CNB, "em caso de impossibilidade de realização do espetáculo a devolução dos bilhetes pode fazer-se diretamente na bilheteira do Teatro Camões", no Parque das Nações.
"Apenas à hora de início de cada espetáculo, e em face da adesão dos trabalhadores a cada um dos dias de greve, é possível avaliar se se encontram reunidas as condições para a realização do espetáculo", refere a companhia.
Os trabalhadores da CNB e do Teatro Nacional de São Carlos (TNSC), duas estruturas tuteladas pelo Organismo de Produção Artística (Opart), estão em greve aos espectáculos desde 07 de junho.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos (Cena-STE), a paralisação dos trabalhadores é "por questões laborais", "pela criação de condições técnicas e funcionais de trabalho" e em defesa da "missão artística do Opart".
Uma das questões que motiva esta paralisação é uma exigência de harmonização salarial entre trabalhadores da CNB e do TNSC, que recebem remunerações diferentes para as mesmas funções. O diferendo entre a tutela e o sindicato prende-se, precisamente, com essa harmonização salarial.
Em causa está uma deliberação do conselho de administração do Opart, de 2017, estipulando que os trabalhadores da CNB passariam a trabalhar 35 horas semanais, mantendo o salário correspondente a 40 horas, enquanto os restantes trabalhadores do Opart mantinham as 35 horas semanais e a remuneração dessas mesmas horas.
O sindicato exige um aumento do valor do trabalho por hora, para que os trabalhadores do TNSC não sejam prejudicados e recebam o mesmo que os da CNB.
O Governo diz que aquela deliberação do Opart não tem fundamento legal, mas não aceita a exigência do sindicato por considerar que representa um aumento salarial superior a 10% para alguns trabalhadores, o que "seria uma injustiça para todos os restantes trabalhadores do Opart".
Depois de uma reunião negocial falhada na terça-feira entre o Cena-STE e a secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira, a tutela anunciou que, a partir de segunda-feira, 01 de julho, irá repor o regime de 40 horas semanais aos trabalhadores da CNB - mais cinco do que as 35 horas atualmente aplicadas.
Em plenário, na quarta-feira, os trabalhadores mandataram o sindicato para preparar uma "estratégica jurídica" para impedir a decisão, e para pedir nova audiência com o primeiro-ministro.
O pré-aviso de greve dos trabalhadores deverá afetar ainda os espectáculos "Dom Quixote", entre 11 e 13 de julho, no Teatro Rivoli (Porto), "15 Bailarinos e Tempo Incerto", a 17 e 18 de julho, no Teatro Municipal Joaquim Benite, no âmbito do 36.º Festival de Almada, e os espetáculos incluídos no Festival ao Largo, previstos de 05 a 27 de julho, em Lisboa.
No meio deste conflito laboral, o Ministério da Cultura revelou que não iria reconduzir a atual administração do Opart, liderada por Carlos Vargas, para um novo mandato, prometendo que "nos próximos dias" iria anunciar novo conselho de administração.
No sábado, dia 22, o presidente do conselho de administração do Opart, Carlos Vargas, apresentou a demissão do cargo, verbalmente, à ministra da Cultura, e formalizou-a na segunda-feira, por escrito.
Esta semana, o diretor artístico do TNSC, Patrick Dickie, anunciou não ter condições "para equacionar a continuidade naquelas funções", e que sairá no final de agosto.
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