Anne Hidalgo, que recebeu apoio explícito de António Costa e Pedro Sanchéz à sua candidatura ao Eliseu, explicou que se inspira “muito” em ambos os governantes.
Na conferência “A Grande Transformação”, organizada pelo grupo dos Socialistas e Democratas (S&D) no Parlamento Europeu em Paris, insistiu que as soluções para os desafios sociais e ambientais “vêm da social-democracia e da Europa”.
“A social-democracia dá a certeza de que, numa crise, precisamos sempre de apoio e de proteção social”, argumentou.
Os governos de Portugal e Espanha, bem como de outros países europeus com dirigentes social-democratas, caracterizam-se por “um método que consiste em não em decidir sozinhos”, mas no recurso ao diálogo social e à consulta aos cidadãos e às administrações locais, observou.
“Aqui em França temos Júpiter”, acrescentou Anne Hidalgo com ironia, referindo-se ao Presidente francês, Emmanuel Macron, que é comparado ao deus romano, em crítica à sua governação.
A autarca de Paris também se distanciou de Macron, de forma clara, na política energética, ao afirmar que se fosse eleita presidente não iria desenvolver energia nuclear.
“Se tivermos como prioridade a construção de novas centrais termoelétricas, isso significa que não vamos investir em energias renováveis”, indicou.
Anne Hidalgo, que agradeceu o apoio recebido de António Costa e Pedro Sanchéz, defendeu ainda que a União Europeia (UE) deve promover a iniciativa de criar “um tribunal internacional sobre ecocídios”, que poderia ser uma extensão do Tribunal Internacional de Justiça de Haia (Países Baixos).
Na conferência, o primeiro-ministro António Costa, ao lado do seu homólogo espanhol, Pedro Sánchez, defendeu a compra conjunta na União Europeia (UE) de combustíveis, quando a Europa enfrenta uma crise energética e o gasóleo e a gasolina atingem máximos.
Defendendo um “verdadeiro mercado de energia a nível europeu”, numa altura de crise energética que pressiona os preços dos combustíveis, António Costa advogou também “melhores interligações [elétricas] com Península Ibérica, especialmente com a França”.
O evento foi encerrado pela presidente do grupo socialista no Parlamento Europeu, a espanhola Iratxe García Pérez, que também apoiou a candidatura de Anne Hidalgo ao Eliseu, salientando que a UE precisa da atual autarca de Paris.
O apoio dos socialistas europeus a Anne Hidalgo surge num momento complicado para a sua campanha às presidenciais, em que não consegue subir nas sondagens.
Nas últimas semanas, as sondagens atribuem à presidente da Câmara de Paris apenas 5% das intenções de voto, longe da possibilidade de concorrer a uma segunda vota, estando atrás de dois outros candidatos de esquerda, o ambientalista Yannick Jadot e o líder da France Insoumise (França Insubmissa, em tradução simples), Jean-Luc Mélenchon.
As eleições presidenciais da França vão realizar-se em abril de 2022, em duas fases. A primeira ronda eleitoral vai decorrer em 10 de abril e a segunda em 24 de abril.
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