Carla Castro foi, dos três candidatos à liderança da Iniciativa Liberal, a mais ovacionada. Afirma que quer um partido sem "barões e sem caciques" e onde "os membros são livres". Se ganhar, deixará nas mãos dos deputados a manutenção ou não do líder do Grupo Parlamentar, Rodrigo Saraiva: "Não deve ser o presidente a decidir, devem ser os deputados a escolher".
Para conseguir uma vitória nas legislativas, pretende desde já "convocar trabalho sustentado com os membros, com os núcleos, com as estruturas que vamos montar e robustecer, do Gabinete de Estudos, da Academia Liberal, o lançamento de políticas públicas e a apresentação como alternativa aos eleitores. Temos de nos preparar internamente para ser uma alternativa credível", diz.
Mas, antes disso, Carla Castro terá de vencer eleições internas. Garante que tem "claramente a melhor equipa". E avança três medidas, uma interna, uma externa e uma de equipa: "Maior descentralização efectiva, com poder aos núcleos e aos autarcas; maior capacidade de marcação da agenda liberal; uma gestão participativa com as diversas estruturas".
Dentro, lembra que "há necessidade de abrir mais o partido". "Precisamos de dar o salto, precisamos de amadurecer, precisamos de uma nova estratégia de crescimento". E recorda que não foi por acaso que João Cotrim de Figueiredo admitiu no momento da saída que é preciso outra estratégia de crescimento e que não olhou para o partido internamente. É verdade que os núcleos estavam muitíssimo abandonados, mas é preciso querer dar-lhes poder e fazer um partido de baixo para cima e não de cima para baixo".
Na moção de estratégia que encabeça, Carla Castro propõe ainda diversificar as fontes de financiamento do partido, "como defendemos para o país". Além das quotas e donativos dos membros, da subvenção pública, a IL deverá ter outras actividades, como produção de eventos ou o Festival Liberal, uma espécie de "Avante" à moda liberal.
Ao nível da agenda liberal para o país, Carla Castro pretende "continuar o +Crescimento" e ter "a mobilidade social como um tema urgente em Portugal". Do ponto de vista mais genérico, acredita que "o círculo de compensação é importante para não haver votos desperdiçados, é um tema em que vamos ter de ser muito viscerais".
Ser deputada não é vantagem nem desvantagem, "é gerível", apesar de admitir que a Assembleia da República permite alguma notoriedade. "Nesta altura, o que me parece ainda positivo é termos uma situação em que o presidente do partido seja também deputado, ainda estamos numa fase de crescimento e de sustentação. Nesta fase, é o ideal".
Assegura que a Iniciativa Liberal está preparada para o que aí vier e que a qualidade dos membros da Comissão Executiva "é a prova" disso. "Temos é de saber quem temos e colocar todos em rota de colaboração". Se perder as eleições, diz, vai "continuar a trabalhar".
Responde à critica tantas vezes feita sobre serem liberais até ser necessária a ajuda do Estado. E desmistifica. "Temos é de ser coerentes. Na pandemia, por exemplo, foi o Estado que interrompeu as actividades, é normal que seja chamado a ser parte da solução. O que não é correcto é termos uma situação em que tenhamos de depender do Estado".
Explica que a IL não evita falar de valores e comportamentos, o partido apenas "não tem uma atitude moralista. É importante que cada pessoa se valorize nos seus projetos pessoais".
Em resumo, Carla Castro considera que "para arrumar o país precisamos de nos arrumar cá dentro [do partido]" Depois, é "dar corda aos sapatos" e não ficar, como o PSD, "à espera que o poder lhe caia aos pés — mais depressa leva com os pés" e conquistar eleições. E não tem dúvidas em afirmar que "qualquer dos nossos membros dará melhor autarca do que um boy ou uma girl do PS".
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