Assinada por Carlos César, a convocatória para esta Comissão Nacional do PS, à qual a agência Lusa teve acesso, especifica que a intervenção inicial a cargo do secretário-geral, António Costa, sobre a análise da situação política, será aberta aos órgãos de comunicação social.
O segundo ponto da reunião é relativo às comemorações dos 50 anos da fundação do PS, que se assinalam em abril próximo e cujo programa é coordenador pelo dirigente socialista José Manuel dos Santos.
A reunião do órgão máximo do PS será a primeira desde que o Governo socialista foi atingido pelos casos que envolveram primeiro o ex-secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, e mais recentemente a ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis.
Estes dois casos motivaram as demissões dos dois membros diretamente envolvidos, Miguel Alves, ex-presidente da Câmara de Caminha, e Alexandra Reis, gestora de carreira.
Mas a situação de Alexandra Reis, que recebeu da TAP uma indemnização de meio milhão de euros para sair da administração da empresa, acabou também por provocar a queda do ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, e do seu ministro Pedro Nuno Santos.
A saída de Pedro Nuno Santos do Governo é considerada uma “baixa política” relevante para o Governo e para o PS, já que este antigo líder da JS e da Federação de Aveiro dos socialistas é apontado como um dos potenciais sucessores de António Costa na liderança do PS.
Por outro lado, a oposição tem também exigido ou a demissão, ou esclarecimentos complementares, por parte do ministro das Finanças, Fernando Medina, que tem alegado desconhecer as circunstâncias em que a TAP pagou essa indemnização à sua ex-secretária de Estado.
Em conferência de imprensa, na segunda-feira, após ter anunciado os novos ministros (João Galamba e Marina Gonçalves) que iriam substituir Pedro Nuno Santos como ministro nas pastas das Infraestruturas e da Habitação, António Costa reconheceu que esta sucessão de casos no seu executivo tem afetado o funcionamento interno do Governo.
“Não podemos confundir árvores com as florestas. Temos 38 secretários de Estado e não é por ter havido um ou dois problemas que se passámos a possuir um problema com o conjunto dos secretários de Estado”, reagiu.
Para o primeiro-ministro, “o que seria grave é se, detetados os problemas, eles não fossem resolvidos, mas felizmente foram”.
Ou seja, de acordo com o líder do executivo, “resolvidos os problemas, o Governo prossegue a sua ação e o que é importante neste momento é assegurar a estabilidade das políticas e a continuidade da ação governativa”.
Na sua tradicional mensagem de Ano Novo dirigida aos portugueses, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deixou um aviso ao executivo: só o Governo e a sua maioria “podem enfraquecer ou esvaziar” a estabilidade política “ou por erros de orgânica, ou por descoordenação, ou por fragmentação interna, ou por inação, ou por falta de transparência, ou por descolagem da realidade”.
No PS, internamente, a ex-ministra e atual deputada Alexandra Leitão tem-se destacado pelas críticas à forma como o executivo de maioria absoluta se tem relacionado com os portugueses, considerando essencial mais humildade.
Daniel Adrião, que lidera uma linha minoritária nos órgãos nacionais do PS, considera que esta sucessão de casos no Governo é consequência de uma cúpula dirigente “que fecha o partido a sete chaves” e não permite qualquer debate interno aprofundado.
Este dirigente socialista, porém, mostra-se satisfeito por o atual secretário-geral adjunto do PS, João Torres, “ter agora admitido a possibilidade de o PS não fazer coincidir na mesma figura o líder do partido e o candidato socialista a primeiro-ministro”.
“Essa tem sido uma bandeira das moções de orientação política que tenho apresentado desde 2015”.
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