“Nós, para governar, precisamos mesmo de todos, sem ressentimentos, aproveitando o contributo de cada um e, sobretudo, com maior discernimento, os Açores precisam de uma governação com qualidade para recuperar o tempo perdido na região”, disse Carlos César.
O também presidente honorário do PS/Açores e antigo presidente do Governo Regional discursava na Lagoa, ilha de São Miguel, na apresentação do programa eleitoral e dos candidatos por este círculo, liderado por Vasco Cordeiro, que é candidato a presidente do executivo insular.
Antes, o mandatário regional abordou a “fase particularmente difícil” nos planos nacional e regional, além de “um conjunto de ameaças potenciais crescentes que, no plano internacional”, perturbam a vida europeia e afetam as economias e a confiança dos cidadãos.
“E o pior que podia haver nos Açores e acontecer aos Açores é somar a essa inquietude, a essa ansiedade, a esse temor por razões internacionais, por razões europeias, (…) a perspetiva de continuarmos com um governo que só agrava os problemas, que não garante a resolução de problemas e que coloca os Açores em causa”, avisou.
Reconhecendo que o PS cometeu erros, mas aprende com os seus erros, Carlos César adiantou que o partido sabe que os teve e já sabe como deve fazer melhor.
“A coligação [PSD/CDS-PP/PPM, que lidera o Governo Regional], pelo contrário, não só não aprendeu com os nossos erros, como ainda acrescentou os seus e os Açores ficaram duplamente a perder”, considerou.
Num discurso onde recuou por várias vezes a 1996, quando o PS, por si liderado, ganhou as primeiras legislativas regionais, tirando do poder o PSD, que governou a região nos 20 anos anteriores, o mandatário regional declarou não se lembrar de um Governo “mais fraco e sem orientação” do que o atual.
“Findos estes três anos, eu não conheço uma única reforma, uma única reforma deste governo de [José Manuel] Bolieiro [presidente]”, adiantou.
“Infelizmente, o que aconteceu nos Açores nestes últimos três anos pouco mais foi do que alimentar e alojar clientelas partidárias em toda a parte do poder”, acusou Carlos César, referindo que foi um “festim de centenas, centenas e centenas de nomeações”.
Para Carlos César, “o próprio ambiente democrático teve uma degradação visível”, sustentando que “a democracia não respirou melhor nos Açores, a democracia constipou nos Açores”.
O presidente do PS acrescentou que a região teve um “Governo deficitário” em obra, inovação, “mais palavroso do que realizador, imprevidente na gestão orçamental e incumpridor, em regra, dos seus compromissos”.
O Presidente da República decidiu dissolver o parlamento açoriano e marcar eleições antecipadas para 04 de fevereiro após o chumbo do Orçamento para este ano. Onze candidaturas concorrem às legislativas regionais, com 57 lugares em disputa no hemiciclo: PSD/CDS-PP/PPM (coligação que governa a região atualmente), ADN, CDU (PCP/PEV), PAN, Alternativa 21 (MPT/Aliança), IL, Chega, BE, PS, JPP e Livre.
Em 2020, o PS venceu, mas perdeu a maioria absoluta, surgindo a coligação pós-eleitoral de direita, suportada por uma maioria de 29 deputados após assinar acordos de incidência parlamentar com o Chega e a IL (que o rompeu em 2023). PS, BE e PAN tiveram, no total, 28 mandatos.
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