Os 11 suspeitos compareceram na presença dos seus advogados, de acordo com um comunicado do MP publicado pela agência oficial SPA (Saudi Press Agency). Pouco mais foi veiculado por esta agência ou pela televisão estatal, não tendo revelado os nomes dos acusados.
Os advogados dos suspeitos pediram para conhecer as acusações exatas contra os seus clientes e um período para as analisar.
O tribunal acedeu aos seus pedidos, sem marcar uma data para a próxima audiência, segundo o comunicado.
Segundo o Daily Telegraph, no mesmo comunicado vem a informação de que os procuradores sauditas enviaram um pedido à Turquia para disponibilizar as provas recolhidas depois do assassinato de Khashoggi, a 2 de outubro, por agentes sauditas no consulado de Istambul. O pedido ainda não obteve resposta.
O assassínio do jornalista crítico do poder em Riade teve impacto a nível mundial.
Após ter inicialmente negado a morte do jornalista, Riade indicou que ele tinha sido morto durante uma “operação fora de controlo” do Estado, supervisionada por dois altos responsáveis que foram destituídos depois.
Ancara, no entanto, acusou os “mais altos níveis” do Estado saudita.
Media turcos e norte-americanos, assim como a CIA, suspeitam que o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman patrocinou a operação contra Jamal Khashoggi.
A Turquia pediu a extradição de 18 sauditas detidos no seu país e suspeitos de envolvimento no assassínio, tendo Riade recusado e afirmado que os suspeitos serão julgados na Arábia Saudita.
Um processo dúbio
A imparcialidade do poder judicial para lidar com este caso tem sido questionada por defensores dos direitos humanos, incluindo Samah Hadid, diretora de campanhas da Amnistia Internacional no Médio Oriente.
"Dada a falta de independência do sistema de justiça criminal na Arábia Saudita, a imparcialidade de qualquer investigação e qualquer julgamento é questionável", disse ela à AFP.
Em 20 de outubro, as autoridades sauditas anunciaram, sem convencer, a demissão de cinco personalidades apresentadas como responsáveis indiretas do assassinato.
Entre elas está o general Ahmed al-Assiri, vice-chefe da Inteligência saudita, acusado, de acordo com o procurador, de ter ordenado que uma equipa de 15 agentes trouxesse "por vontade ou à força" Khashoggi para a Arábia Saudita.
Outro funcionário destituído foi Saud al-Qahtani, conselheiro da Corte Real que desempenhava um papel importante na expedição turca.
Não é claro se ambos serão processados, mas Saud al-Qahtani está numa lista de 17 autoridades sauditas sancionadas pelos Estados Unidos e outros países ocidentais por sua "responsabilidade ou cumplicidade" no assassinato.
Donald Trump, recusou-se a seguir as conclusões da CIA, que está inclinada a apostar na responsabilidade do príncipe herdeiro, sendo que o presidente norte-americano nunca questionou diretamente Mohammed bin Salman.
Contudo, figuras influentes tanto dos setor republicano como do sector democrata no Congresso americano não desistiram da ideia de retaliação contra Riade e podem pressionar Trump nas próximas semanas.
[Notícia atualizada às 13:28]
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