Em declarações à agência Lusa, o pároco de Castro Verde, Luís Fernandes, indicou que, dos objetos agora furtados na Ermida de São Pedro das Cabeças, o sino em bronze, do século XVII ou XVIII, é “o mais irreparável”.
“Só se pode aceder à torre pelo telhado. Portanto, subiram para cima do telhado e arrancaram, literalmente, o sino e deixaram ficar o cabeçalho e as ferragens espalhadas em volta da capela”, adiantou o responsável.
Já os outros objetos furtados, assinalou, “eram imagens populares, de pouco valor, que se podem comprar em Fátima”, porque “já há muito tempo” que foi retirada a arte sacra das ermidas mais isoladas da zona para evitar os furtos.
O pároco Luís Fernandes disse ter sido alertado para o furto, na terça-feira à tarde, pela GNR, que o contactou depois de um popular ter avisado as autoridades de que a igreja estaria com a porta aberta.
O furto terá ocorrido “nesta última quinzena, porque, no dia 25 de julho, houve uma cerimónia” junto à ermida e, nesse dia, “estava tudo em condições, com o sino na torre e as imagens no interior”, afirmou.
Segundo o responsável, o local onde se situa a igreja, apesar de ser isolado, a pouco mais de cinco quilómetros da vila de Castro Verde, “é um sítio com bastante passagem”, porque é “o lugar mais emblemático da zona e muito visitado por turistas”.
O sino furtado data do século XVII ou XVIII, já que foi colocado “quando foi feita a ampliação da ermida”, que também é datada desse período, realçou, baseando-se na “informação das crónicas históricas” da paróquia.
Contactada pela Lusa, fonte do Comando Territorial de Beja da GNR confirmou que foi apresentada uma queixa por furto na ermida, limitando-se a adiantar que os factos vão ser comunicados ao Ministério Público e que o caso seguirá para investigação.
De acordo com a Câmara de Castro Verde, o sítio de São Pedro das Cabeças é “uma referência na historiografia portuguesa como local da Batalha de Ourique, no século XII” e um “local de forte importância histórica para o concelho”.
A lenda conta que Afonso Henriques defrontou, em 25 de julho de 1139, nos então chamados “Campos de Ourique”, um vasto exército comandado por cinco reis mouros e, após a vitória, os seus soldados levaram-no a autoproclamar-se Rei de Portugal.
O sítio de São Pedro das Cabeças é um dos locais onde a Câmara de Castro Verde promove, anualmente, em julho, iniciativas para comemorar o aniversário da Batalha de Ourique.
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