“As escolhas ficam com quem as faz em cada momento. Eu acho normal que os partidos nesta altura mostrem as diferenças que têm, mas é bom que também tenhamos a humildade de reconhecer o que foi feito em conjunto - sem apagar as diferenças, claro - e apresentarmos o que queremos para o país”, afirmou Catarina Martins em declarações aos jornalistas à margem de uma visita à 40.ª edição da Agrival – Feira Agrícola do Vale do Sousa, em Penafiel.
Considerando que “cada partido sabe como quer fazer esta campanha e como quer apresentar-se” e que não se ganha “nada em fazer uma campanha sobre comentários”, a líder bloquista defendeu que “os partidos ganham em respeitar-se uns aos outros” e que “o mais importante” e que “conta verdadeiramente para a estabilidade de um país é a estabilidade do salário, da pensão, do acesso à saúde e do que é essencial na vida concreta”.
“E toda a gente sabe que o Bloco de Esquerda [BE] nunca faltou às soluções essenciais, concretas, para a vida das pessoas no nosso país”, sustentou, garantindo que o partido “está aqui para esses compromissos claros com as pessoas, como esteve sempre”, sendo “determinado nas suas lutas pela qualidade de vida no país e pelo respeito de quem trabalha”.
Para Catarina Martins, o período de campanha eleitoral para as legislativas de outubro é o “momento de discutir qual é a legislação laboral que vai garantir salários dignos, como é que se respeitam as pensões de quem trabalhou toda uma vida e como é que o Serviço Nacional de Saúde [SNS] é mais forte e garante os cuidados de saúde a toda a população”.
“Eu acho que o que é preciso nós debatermos é o que queremos para o país, e o que o país precisa é de um Governo que seja capaz de garantir trabalho digno, salário digno, pensões dignas, de responder pelos trabalhadores por turnos que ainda aguardam uma resposta, de responder pela qualidade do SNS e do acesso à saúde, de responder por uma Segurança Social forte, que respeite quem trabalhou toda uma vida e que não deixe ninguém para trás”, referiu.
Segundo a coordenadora bloquista, o BE “fez o caminho que foi possível fazer até agora, com o resultado das eleições de 2015”: “Nós no Bloco sabemos que o caminho destes quatro anos foi importante, orgulhamo-nos dele e temos a humildade de perceber que ele foi insuficiente e estamos nesta campanha seguramente para falar do nosso programa e das nossas diferenças com os outros partidos, porque uma campanha também é isso”, disse.
Apontando o aumento do emprego, a subida do salário mínimo, o descongelamento das pensões, a reposição dos feriados e a atribuição de manuais escolares gratuitos como algumas das medidas que desde 2015 “melhoraram o país”, Catarina Martins reconheceu que “ainda há muito por fazer” e garantiu que “o Bloco cá está” para o reivindicar.
Questionada pelos jornalistas sobre um eventual futuro entendimento pós-eleitoral com o Partido Socialista, dependendo dos resultados das próximas eleições legislativas, Catarina Martins afirmou apenas que “as pessoas que vão votar é que escolhem”.
O líder socialista, António Costa, sugeriu no sábado em entrevista ao semanário Expresso que o BE "vive na angústia de ter de ser notícia", enquanto o outro parceiro da ‘geringonça', o PCP, tem outra "maturidade institucional".
"Não quero ser injusto, mas são partidos de natureza muito diferente. O PCP tem uma maturidade institucional muito grande. Já fez parte dos governos provisórios, já governou grandes câmaras, tem uma forte presença no mundo autárquico e sindical, não vive na angústia de ter de ser notícia todos os dias ao meio-dia... Isto permite uma estabilidade na sua ação política que lhe dá coerência, sustentabilidade, previsibilidade, e, portanto, é muito fácil trabalhar com ele", disse.
Já sobre os bloquistas, o também primeiro-ministro referiu que, "hoje, a política tem não só novos movimentos inorgânicos do ponto de vista sindical, como também novas realidades partidárias que se expressam".
"Há um amigo meu que compara o PCP ao Bloco de uma forma muito engraçada: é que o PCP é um verdadeiro partido de massas, o Bloco é um partido de ‘mass media’. E isto torna os estilos de atuação diferentes. Não me compete a mim dizer qual é melhor ou pior, não voto nem num nem no outro", disse.
Para o líder socialista, "o que ficou claro nesta legislatura é que o PS é o grande fator de estabilidade", pois "sem um PS forte não há a devida estabilidade", rejeitando escolher um parceiro ideal.
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