"Adolfo Mesquita Nunes tem convictamente o meu apoio. Só posso saudar a coragem que teve", afirmou, em declarações à agência Lusa, justificando que o antigo secretário de Estado é uma "pessoa com capacidade para dar a volta" ao CDS.
Depois de na quarta-feira, num artigo de opinião, ter proposto a realização de um Conselho Nacional para convocar um congresso e eleições antecipadas para a liderança ainda antes das eleições autárquicas, defendendo que esta direção "não conseguirá" resolver "a crise de sobrevivência" do partido, o antigo vice-presidente do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes adiantou, em entrevista ao Público divulgada hoje, que será candidato caso esse congresso eletivo se realize.
Em declarações à Lusa antes de ter sido publicada esta entrevista, João Gonçalves Pereira tinha admitido avançar para a liderança do partido caso mais ninguém se apresentasse, justificando que teria de "ser consequente com as críticas" que tem feito à atuação de Francisco Rodrigues dos Santos enquanto presidente do partido.
"O meu pressuposto era se não aparecesse outro candidato, aparecendo alguém que eu vou apoiar, é evidente [que não avanço]", adiantou.
Concordando com Adolfo Mesquita Nunes no que toca à urgência na necessidade da convocação de um congresso extraordinário para disputar a liderança do CDS-PP, o também líder da distrital de Lisboa do partido advogou que, "se o estado do partido já é o que é" agora, se a atual direção chegar ao fim do mandato (2022), o partido "corre o risco de desaparecer".
"Francisco Rodrigues dos Santos já foi testado, e o saldo não é positivo", criticou, defendendo que é necessário "realizar um congresso 'online' o quanto antes".
Entre os cinco deputados do grupo parlamentar do CDS-PP, além de João Gonçalves Pereira, também Ana Rita Bessa declarou à agência Lusa que iria apoiar Adolfo Mesquita Nunes caso ele entrasse na corrida à liderança.
Em declarações à Lusa, o deputado aproveitou também para criticar as declarações do antigo líder centrista José Ribeiro e Castro - que acusou os críticos de abrirem uma "crise artificial" e sem justificação -, salientando que não pode estar "mais em desacordo".
O líder da distrital de Lisboa do CDS justificou com os baixos resultados nas sondagens e também com a "crise interna" que a direção atravessa, na sequência da demissão "do principal apoio de Francisco Rodrigues dos Santos", o seu vice-presidente Filipe Lobo d'Ávila, e de mais seis dirigentes, todos pertencentes a grupo "Juntos pelo Futuro", cuja moção alcançou 14,45% dos votos no congresso de janeiro do ano passado.
Considerando que, nos momentos difíceis por que passou, o CDS "sempre conseguiu dar a volta", o deputado alertou que isso não está a acontecer atualmente.
"Algo de muito mal se está a passar no CDS. Alguém que já teve responsabilidades políticas devida saudar que haja quem, como Adolfo Mesquita Nunes, se está a disponibilizar para inverter a situação", defendeu Gonçalves Pereira.
Na reunião da comissão política nacional do CDS-PP, concluída na madrugada de sexta-feira, o líder, Francisco Rodrigues dos Santos, anunciou que irá convocar um Conselho Nacional, mas não adiantou se a convocação de um congresso e de eleições antecipadas constará na ordem de trabalhos, disseram à Lusa fontes que estiveram presentes no encontro.
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