"Onde é que estiveram nos últimos quatro meses para não dizer onde estiveram nos últimos dois anos [desde tomada de posse]? Só agora é que se lembram que é preciso mudar, reerguer, fazer o que tem de ser feito? O que fez perante a primeira tragédia? Nada. Respeitou o tempo da ministra da Administração Interna, da Comissão Técnica Independente, do Conselho de Ministros [extraordinário], só não respeitou o tempo dos portugueses que viram perder tudo no fim de semana", acusou Nuno Magalhães.
As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15 de outubro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 45 mortos e cerca de 70 feridos, perto de uma dezena dos quais graves. Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.
"Ouvimos que é preciso reerguer, reconstruir, fazer o que tem de se feito mudar, mudar o que tem de mudar, reparar o que tem de ser reparado, indemnizar já e com urgência as vitimas...", descreveu o deputado centrista, referindo-se às decisões da reunião governamental do fim de semana, dedicada aos fogos e floresta, e às intervenções de deputados do PS.
Nuno Magalhães recordou ainda as anteriores funções governamentais de António Costa, em 2005, como ministro da Administração Interna, então com decisões de reformulação da proteção civil.
"Agora vai mudar o que fez? Vai mudar no sentido daquilo que já tinha sido feito e que deixou na gaveta. O que mudou, as convicções ou a oportunidade?", questionou o presidente da bancada do CDS-PP.
O Governo minoritário do PS enfrenta hoje a sua primeira moção de censura, a 29.ª em 43 anos de democracia, sendo que só uma foi aprovada e o Governo então minoritário do PSD, liderado por Cavaco Silva, demitido (1987), mas a caminho de duas maiorias absolutas.
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