Numa iniciativa de campanha junto ao hospital de Santo Tirso, com cerca de meia centena de apoiantes, Paulo Raimundo defendeu a construção de um novo hospital para responder à população local, identificando esta situação como um exemplo da necessidade de aumentar o investimento na saúde.
“O que vai estar em decisão no próximo dia 10 de março não é a bipolarização entre PS e PSD. A verdadeira bipolarização é entre aqueles que acham que, de forma mais rápida ou menos rápida, o caminho é o desmantelamento do SNS ou aqueles que acham que a solução para utentes e profissionais passa por um SNS mais robusto e com mais meios para dar a resposta necessária”, afirmou.
Sem poupar nas críticas ao “negócio da doença” que atribui ao setor privado, o líder comunista apontou um “paradoxo” no aparecimento de mais unidades hospitalares privadas nos últimos anos.
“Os hospitais privados nascem como cogumelos por todo o lado, um crescimento exponencial nos últimos anos. E qual é o paradoxo? Quanto mais hospitais privados abrem, mais difícil é o acesso da população à saúde. Quando estiver a votar, vai ter de decidir qual é a opção: é pelo desmantelamento ou é para salvar o SNS, dando-lhe os instrumentos necessários?”, reforçou.
Acompanhado do cabeça de lista da CDU pelo distrito do Porto, Alfredo Maia, que também carregou nas críticas à falta de resposta do PS neste setor, o secretário-geral do PCP identificou três principais problemas no SNS, designadamente a falta de profissionais, a que a associou a necessidade de uma maior valorização; o reconhecimento de uma maior autonomia dos serviços de saúde; e a importância de avançar com mais investimentos em pessoas e meios.
“Falamos do SNS e a pergunta é sempre a mesma: quanto é que custa? A pergunta é outra: quanto é que custa deixar as pessoas sem acesso aos cuidados mínimos de saúde? É um desastre para o país e que connosco não vai continuar”, vincou, numa ação de campanha efetuada numa zona que viu passar também ali perto alguns apoiantes da Aliança Democrática (AD), bem como carros com instalações sonoras a apelar ao voto no Chega e no RiR.
Paulo Raimundo partiu inclusivamente da saúde para apontar um caminho para os eleitores indecisos: “Se a reflexão for sobre esta matéria, então tem a sua vida facilitada e escusa de estar indeciso. Se a reflexão de cada um for sobre esta matéria, acabe-se a indecisão e dê o voto à CDU, que é o voto para pôr o SNS a dar a resposta que é necessária”.
O líder comunista apostou hoje num discurso centrado na saúde, mas foi para exigir uma palavra sobre pensões que uma senhora o abordou no início da iniciativa.
Quase sem deixar falar Raimundo, deixou um aviso. “Vou estar atenta para ver se fala nas reformas despenalizadas. Não é só dizer valorizar, é dizer despenalizar”, disse, devagarinho, praticamente silabando a última palavra, ao que Raimundo respondeu: “Olhe nos meus olhos: Se há coisa que temos dito, vamos continuar a dizer e não vamos abdicar é de valorizar quem trabalhou uma vida inteira”.
A caravana da CDU prossegue hoje o dia de campanha com mais duas ações em Matosinhos e um comício à noite em Coimbra.
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