Com cartazes onde se lê “massacre tem de parar”, “chega de despedimentos” ou “em defesa dos bancários”, as palavras de ordem estão também nas camisolas dos manifestantes: “Não somos números, bancários em luta”.
Há ainda cartazes com as caras dos líderes dos principais bancos a operar em Portugal, que estão a promover processos de saída de trabalhadores, balões, cabeçudos e música com o objetivo de se fazerem ouvir na Assembleia da República contra o que consideram um “massacre” dos trabalhadores bancários.
Antes da manifestação, os representantes dos sete sindicatos foram recebidos pela vice-presidente da Assembleia da República, Edite Estrela.
Em declarações à agência Lusa, líderes sindicais explicaram que esta manifestação pretende levar os bancos à mesa das negociações para que os processos de reestruturação em curso tenham em conta os interesses dos trabalhadores, sejam faseados no tempo e se façam sobretudo através reformas antecipadas e sem a ameaça do despedimento coletivo.
Os sindicatos querem ainda que o poder político intervenha, travando despedimentos numa altura em que os bancos voltaram a dar lucro.
Questionados sobre a mobilização dos bancários para uma greve nacional, dirigentes sindicais disseram à Lusa que este é o início de um processo de luta e que a greve não está excluída.
As estruturas sindicais acusam os bancos de estarem a despedir milhares de trabalhadores – confrontando-os com propostas de rescisão por mútuo acordo (sobretudo) e reformas antecipadas – e ainda de fazerem ameaças de despedimento coletivo, criando “pânico e temor generalizado nos bancários, de forma a que desistam de lutar pelos seus direitos”.
Além do mais, afirmam os sindicatos, isto acontece quando o setor bancário português é dos mais eficientes da Europa e quando os bancos regressam aos lucros.
Esta manifestação nacional dos sindicatos junta os sete sindicatos da banca, uma ação de luta conjunta inédita em mais 40 anos de sindicalismo.
Os sete sindicatos que representam os bancários são Mais Sindicato, Sindicato de Bancários do Norte, Sindicato dos Bancários do Centro (estes três sindicatos são ligados à UGT), Sintaf (ligado à CGTP), Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários, Sindicato de Trabalhadores das Empresas do grupo Caixa Geral de Depósitos e Sindicato Independente da Banca (estes três sindicatos independentes).
Os grandes bancos portugueses vão reduzir milhares de trabalhadores este ano, sendo BCP e Santander Totta os que têm processos mais ‘agressivos’ em curso.
O setor bancário perdeu cerca de 15 mil funcionários entre 2009 e 2020 e este será novamente um ano ‘negro’.
O Santander Totta tem um plano de reestruturação que prevê a saída de 685 pessoas através de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo (sem acesso a subsídio de desemprego).
O BCP quer que saiam 1.000 empregados através de reformas antecipadas ou rescisões por mútuo acordo (também aqui quem sair em rescisão por acordo não acede a subsídio de desemprego).
Caso não saiam por acordo o número que consideram adequado, ambos os bancos admitiram avançar para despedimentos coletivos.
Também o banco Montepio quer reduzir 600 a 900 através de reformas antecipadas e de rescisões de contratos de trabalho (neste banco acedem a subsídio de desemprego, pois obteve do Governo o estatuto de empresa em reestruturação).
Em outros bancos, como Novo Banco, CGD e BPI, continuam também os processos de saída de trabalhadores, mas para já de forma mais ‘suave’.
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