Sob o sol do inverno, a fila para visitar o cemitério Borisovo, no sudeste da capital russa, estendia-se por centenas de metros.
Sozinhos ou em pequenos grupos, vários russos continuavam a chegar durante a tarde perto da campa onde Navalny foi enterrado esta sexta-feira - agora coberta por um tapete de flores. Alguns depositam rosas sobre o monte de flores ou ao lado da grande cruz laranja que ornamenta a última morada do ativista, enquanto outros preferem observar o local em silêncio.
A presença policial diminuiu relativamente aos últimos dias. Além do "luto", "dor" ou "raiva", muitos habitantes de moscovo expressaram à AFP o desejo de mostrar a sua adoração pelo opositor, morto sob circunstâncias desconhecidas, há duas semanas, na prisão. Apesar da repressão contra os críticos do Kremlin, o seu falecimento também é descrito como "tragédia pessoal" ou "vergonha".
A quantidade de flores acumuladas "é um indicador do grau de perda sentida pelas pessoas", afirma Alexandre, um engenheiro de 29 anos.
"Como se fosse um voto"
As homenagens acontecem duas semanas antes das eleições presidenciais na Rússia, entre 15 e 17 de março, quando Vladimir Putin deve ser eleito novamente, já que nenhum candidato contrário ao Kremlin foi autorizado a participar.
O presidente russo irá continuar no poder pelo menos até 2030 caso seja eleito, ou seja, três décadas após a sua chegada ao Kremlin, em plena guerra da Tchetchénia, quando este substituiu Boris Yeltsin, que estava com a saúde debilitada.
Navalny não pôde participar das últimas eleições, em 2018. No entanto, as homenagens prestadas pelos russos nos últimos dias são "como um voto", segundo Alexandre, de 45 anos, que vê isto como "a escolha do povo". " A sua causa não morrerá, viverá", diz Anastasia, uma arquiteta de 33 anos.
As autoridades russas aceleraram a repressão às vozes dissidentes. Milhares de russos fugiram para o estrangeiro.
Navalny, o crítico mais empenhado de Putin nos últimos anos, morreu a 16 de fevereiro, aos 47 anos, numa prisão no Ártico, onde cumpria uma pena de 19 anos de prisão por "extremismo". A família, os amigos e muitos líderes ocidentais acusaram Putin de ser "responsável" polo seu "assassinato", algo que o Kremlin nega veementemente.
O presidente russo não comentou a morte do seu principal opositor, cujo nome nunca é mencionado
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