Os centros de saúde não estão a conseguir dar resposta a todas as chamadas que chegam às centrais devido a uma sobrecarga do volume das mesmas, provocada pela pandemia de Covid-19.
Numa reportagem publicada esta sexta-feira no Público, é contada a história de um utente do Serviço Nacional de Saúde que, sem conseguir uma resposta do outro lado da linha telefónica, teve de se dirigir ao Centro de Saúde de Oeiras para marcar uma teleconsulta.
A história publicada levanta a questão, quantas consultas é que ficaram por fazer devido ao impacto da pandemia? E a resposta não podia ser mais díspar, apesar de partir da mesma base de dados.
Segundo a ministra da Saúde, ficaram por fazer cerca de menos 1,1 milhões de consultas nos cuidados de saúde primários - em 2019 foram feitas 31 milhões. No entanto, se se a pergunta for dirigida à Ordem dos Médicos, esse número de consultas que ficaram por realizar entre março e maio deste ano é quase três vezes superior.
A explicação é simples: enquanto que o ministério da Saúde contabiliza todo o tipo de consultas, presenciais e teleconsultas, a Ordem apenas contabiliza as consultas presenciais, argumentando, segundo o Público, que muitos dos atendimentos por telefone não foram consultas médicas propriamente ditas.
As teleconsultas no SNS não são um tema novo. Há dois anos, o secretário de Estado Adjunto da Saúde reconhecia à Lusa que eram várias as situações em que era demasiado complicado para os utentes conseguirem contactar o centro de saúde, pelo que, na altura, foi decidido que as chamadas que não fossem atendidas seriam reencaminhadas para a linha SNS24.
Em 2019 as melhorias já foram notórias, mais de 30 mil teleconsultas foram realizadas, ano que registou o número mais elevado, com um crescimento de 13,5% relativamente a 2018 e de 5,7% face a 2017, segundo dados hoje divulgados.
Em média, foram realizadas diariamente, em 2019, mais de 80 teleconsultas (no total de 30.074), que permitem que o utente possa ser visto por um médico, através de um computador ou de um telemóvel.
Ao Público, Diogo Urjais, presidente das Unidades de Saúde Familiares, explica que o problema parte logo do sistema instalado que "não permite que fique gravado na nuvem que o utente ligou”, sendo que a maior parte dos centros de saúde não tem linhas ou postos telefónicos suficientes, nem recursos humanos suficientes para o fazer, confessando que só é possível atender três chamadas em simultâneo.
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