Cerca de 1.500 pessoas assistiram à celebração, seis meses depois do acidente, que juntou também líderes de várias religiões e que foi transmitida em direto na estação de televisão nacional BBC.
A missa, segundo a catedral, destinou-se a "lembrar os que morreram, a mostrar solidariedade com os enlutados e com os sobreviventes e a agradecer a todos os que ajudaram na altura da tragédia e depois", incluindo bombeiros, polícia, equipas médicas, especialistas que recuperaram os corpos, vizinhos e voluntários.
"Hoje recordamos, com tristeza, com dor, com lágrimas. E prometemos que aqueles que perdemos não serão esquecidos. Hoje perguntamos porque é que os avisos não foram levados a sério, porque é que uma comunidade ficou a sentir-se negligenciada, sem atenção e sem ser escutada. Hoje temos esperança que o inquérito público chegue à verdade sobre tudo o que levou ao incêndio. E esperamos que a verdade traga justiça e reconciliação", disse o bispo de Kensington, Graham Tomlin.
Na cerimónia estiveram, em representação da família real, o príncipe Carlos e a mulher, Camilla, o príncipe Guilherme e a mulher, Catherine, e o Príncipe Harry, e pelo Governo, a primeira-ministra, Theresa May, além de dirigentes de outros partidos, como o líder Trabalhista, Jeremy Corbyn.
No altar foi colocada uma faixa com o símbolo do coração associado ao movimento em torno das vítimas do incêndio e o repertório incluiu músicas de origem jamaicana e árabe e coros de escolas muçulmanas, simbolizando a diversidade ética da comunidade local.
O português Miguel Alves, um dos sobreviventes do incêndio, fez questão de assistir, acompanhado pela família.
"É importantíssimo nós estarmos presentes, em nossa honra e em honra das pessoas que faleceram", justificou, em declarações à agência Lusa antes do evento.
O incêndio da Torre Grenfell causou 71 mortos, incluindo 18 crianças e o bebé Logan Gomes, nado morto de uma família de portugueses que vivia no 21.º andar, Márcio e Andreia Gomes, que têm mais duas filhas, Luana e Megan.
No início deste mês, dos 208 agregados com necessidade de realojamento, 118 ainda permaneciam em aposentos temporários, a maioria dos quais em quartos de hotel.
A outra família portuguesa que também residia na torre, no 13.º andar, Miguel e Fátima Alves, encontra-se numa residência provisória com a filha Inês, ainda menor, enquanto o filho Tiago, de 20 anos, só nos últimos dias uma acomodação para assim sair do quarto de hotel onde ainda permanecia.
Miguel Alves disse à Lusa estar a negociar uma indemnização para conseguir adquirir uma propriedade com condições equivalentes ao apartamento de três quartos do qual era proprietário.
"Para viver na área é preciso muito dinheiro", admite.
Para aqueles que ainda não encontraram uma casa, o português disse que a situação "não é a ideal nesta altura do ano, quando se aproxima o Natal, mesmo para quem não é cristão", lamentando: "As coisas estão a ir muito lentamente".
Um inquérito público sobre o incêndio que atingiu a torre de 24 andares na noite de 13 para 14 de junho está a ser conduzido pelo juiz aposentado Martin Moore-Bick, mas um grupo de residentes reivindica a nomeação de um "painel imparcial e independente" com mais pessoas.
O estatuto de "participante principal" foi concedido a 424 pessoas ou grupos, incluindo sobreviventes, que podem ter acesso a documentos, fazer declarações em certas audiências, questionar testemunhas através de seus advogados ou sugerir perguntas aos investigadores.
A investigação mobilizou até agora 187 agentes da polícia, que recolheram 1.144 testemunhos, e está a investigar potenciais culpados, incluindo entidades coletivas, por homicídio involuntário, homicídio por negligência e violação de legislação de segurança contra incêndios.
A polícia estudou 31 milhões de documentos e 2.500 provas, tendo identificado 383 empresas "envolvidas ou relacionadas na construção ou renovação da torre Grenfell".
"Os meus agentes e funcionários estão empenhados em fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para apoiar aqueles que foram tão profundamente afetados e em realizar uma investigação profunda e eficaz", prometeu hoje a comissária da Polícia Metropolitana de Londres, Cressida Dick.
O resultado do inquérito só deverá ser conhecido no outono de 2018.
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