Contactado pela agência Lusa, a propósito de uma nota hoje emitida pela autarquia do distrito de Viana do Castelo, Rui Teixeira destacou a importância da preservação “total” do imóvel do século XVII por ser tratar do “único” exemplar “existente na raia minhota”.
O autarca socialista estimou que o investimento na recuperação do imóvel oscile entre os 200 e os 300 mil euros.
Rui Teixeira referiu que a recuperação do imóvel está inserida na estratégia de valorização cultural e turística do concelho, sendo que o objetivo, após a reabilitação, será integrar o Fortim da Atalaia no roteiro do património do concelho.
Localizada no Alto de Lourido, na União de Freguesias de Vila Nova de Cerveira e Lovelhe, o Fortim da Atalaia “é a mais pequena das fortificações que constituíam o conjunto defensivo de Vila Nova de Cerveira, garantindo a sua participação na defesa do rio Minho durante as Guerras da Restauração”.
Desde julho que o imóvel passou a ser gerido pela Câmara de Vila Nova de Cerveira, após a celebração de um contrato de comodato, por 30 anos, com a família que detém a propriedade do imóvel, cujo processo de classificação como Monumento de Interesse Público (MIP) foi iniciado em 1977 e concluído 40 anos depois, em 2017.
Na quarta-feira, uma equipa Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), acompanhada por Rui Teixeira, visitou o imóvel, atualmente tomado por vegetação, e disponibilizou-se para fazer o levantamento das necessidades de preservação e das potencialidades de valorização do Fortim.
A DRCN vai elaborar um relatório que sustentará a candidatura que a câmara pretende submeter aos fundos comunitários.
No imediato, a autarquia vai realizar “algumas ações imediatas, como a limpeza de acessos ou a melhoria da sinalética”.
Por “estar localizada em posição elevada, a meia encosta, e detendo um amplo sistema de vistas, funcionaria como complemento da defesa de Vila Nova de Cerveira e do Forte de Lovelhe”.
“Embora se atribua a construção ao esforço militar de meados do século XVII, a sua tipologia denuncia ainda os modelos renascentistas, de influência italiana, que caracterizaram a primeira metade do século XVII, sendo mesmo possível que a intervenção setecentista tenha reformulado uma estrutura de origem medieval”, lê-se na portaria de classificação do fortim como MIP.
A “estes modelos corresponde o torreão cilíndrico de pouca altura, rematado em cordão e parapeito preparado para peças de artilharia, levantado sobre plataforma quadrangular rodeada por fosso, centrado por uma cisterna e envolvido por bateria vazada por porta em arco apontado”.
O Fortim da Atalaia “é ainda bastante carismático no seio da etnografia minhota por estar intrinsecamente associado à conhecida Lenda da Cova da Moura”.
A lenda fala de uma história de amor entre uma jovem moura e um cavaleiro cristão.
A jovem acabou transformada numa cobra "horripilante", após um feitiço “para tão grande mal de amor”, encomendado pelo pai, depois de ter esgotado todas as tentativas para convencer a filha a desistir do cavaleiro cristão.
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