“Às 04:00, hora a que acabou o último turno de greve, a informação do piquete é de que havia um atraso considerável de 11 camiões de retalho capilar, ou seja, com encomendas para os cafés, restaurantes e super e hipermercados da área do Grande Porto, cujo abastecimento é a própria Super Bock que faz [através da Leta] e não está entregue à rede de distribuidores”, disse José Eduardo Andrade, do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab), em declarações à agência Lusa.
Contactada pela Lusa, a administração da Leta, empresa de prestação de serviços que opera em regime de exclusividade no setor de logística da Super Bock, não quis comentar a greve.
Segundo o dirigente sindical, a paralisação – convocada para reclamar aumentos salariais – registou ao longo dos três dias uma adesão “mais baixa” no turno de dia, mobilizando apenas “dois ou três do total de 15 a 20 trabalhadores”, mas uma adesão “quase total” à noite.
“Os trabalhadores do turno de dia deram conta aos dirigentes sindicais de que concordavam com os motivos da greve, mas tinham receio de sofrer represálias, fruto de ameaças proferidas pelas chefias de os transferir de posto de trabalho e da retirada de subsídios”, explica José Eduardo Andrade.
Embora acuse a empresa da “prática de ilegalidades” destinadas a diluir os efeitos do protesto, como “a antecipação do turno de dia e a substituição de trabalhadores em greve”, o Sintab afirma que a paralisação teve “implicações na capacidade de resposta da Super Bock” e terá “repercussões acentuadas nas encomendas durante os próximos dias”.
Os cerca de 30 trabalhadores adstritos ao serviço de ‘picking’ da Super Bock em Leça do Balio, Matosinhos, estão encarregues da preparação e entrega de pequenas encomendas ao canal ‘horeca’ (hotelaria, restauração e cafetaria) e aos super e hipermercados na zona do Grande Porto.
Estes trabalhadores reclamam aumentos salariais, nomeadamente a aplicação à sua atividade do acordo alcançado no ano passado para os manobradores de cargas da Leta, que prevê atualizações salariais “em função do aumento do salário mínimo, num mínimo de 30 euros”, para os próximos três anos.
Segundo José Eduardo Andrade, a greve “resulta da falta de resposta da entidade patronal às reivindicações dos trabalhadores, mesmo depois de estes terem alterado a sua proposta inicial com vista a acordar a aplicação do mesmo acordo só em janeiro de 2021”.
Salientando que os trabalhadores “têm batido este ano recordes de preparação de encomendas na secção do ‘picking’”, o dirigente sindical acrescenta que, também este ano, se viram confrontados com a introdução de uma função adicional de “preparação do material de ponto de venda”, que inclui desde a montagem de publicidade a guarda-sóis, o que “leva até a uma outra reivindicação, de pagamento acrescido por trabalho pesado”.
De acordo com o sindicalista, esta necessidade resultou do facto de a Super Bock ter “acabado com serviço de ‘marketing’ operacional”.
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