O Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia declarou a 04 de junho a insolvência da Sociedade Atividades Hoteleiras Galiza Portuense, proprietária da Cervejaria Galiza, na sequência do requerimento apresentado pela Sociedade Real Sabor, de Vila Nova de Gaia, no qual reclama 11.951 euros, havendo 30 dias para a reclamação de créditos.
Segundo o sindicato, o administrador de insolvência reuniu-se na segunda-feira com os trabalhadores, "na sequência da qual decidiu encerrar o estabelecimento por não haver condições para o manter aberto".
A decisão surge numa altura em que o sindicato aguarda por uma resposta do Governo ao pedido de reunião endereçado logo após ter sido conhecida a sentença, uma vez ser o Estado o maior credor da sociedade detentora da cervejaria, com dívidas acumuladas em novembro de 2019, ao fisco e à segurança social, de cerca de dois milhões de euros.
"A direção do sindicato lamenta o encerramento da Galiza, pois o restaurante é viável, mesmo em tempos de pandemia aguentou-se e os salários foram sempre pagos", lê-se ainda na comunicação do sindicato.
E continua: "os trabalhadores impuseram a sua reabertura dia 11 de novembro de 2019, mantiveram o estabelecimento aberto estes oito meses, receberam os salários e outras retribuições em atraso num total de 10 meses".
A esperança dos cerca de 30 trabalhadores da cervejaria recai agora no desfecho da assembleia de credores, agendada para 4 de agosto e na eventualidade de aparecimento de um investidor que garanta os postos de trabalho e calendarize o pagamento das dívidas.
Fundada a 29 de julho de 1972, no início de novembro de 2019, os então 33 trabalhadores da histórica cervejaria do Porto foram surpreendidos com uma tentativa de encerramento coercivo das instalações pela gestora da empresa, acabando por organizar-se e, desde então, assegurar a gestão diária do espaço.
Antes da tentativa de encerramento, a empresa dona da Cervejaria Galiza, numa tentativa de resolver as dificuldades financeiras, passou pelo recurso a um PER (Processo Especial de Revitalização), aceite pelo Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia.
Com dívidas ao Fisco e à Segurança Social a rondar os dois milhões de euros, a empresa detentora o espaço tinha ainda em atraso o pagamento do subsídio de natal de 2018 a segunda tranche do salário desse mês.
A tentativa de encontrar uma solução passou então para o Ministério do Trabalho, tendo a empresa e os representantes dos trabalhadores e do Sindicato de Hotelaria do Norte reunido várias vezes a partir de dezembro na Direção-geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT), no Porto.
No decurso dessas reuniões, as representantes da empresa prometeram avançar com um processo de insolvência controlada e recuperação da empresa, o que salvaguardava os postos de trabalho, mas que nunca se concretizou.
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