“Está a lavrar dos dois lados, nos mesmos sítios onde estava, sempre a progredir mais qualquer coisa”, e os bombeiros “sempre a conseguir contê-lo em determinados limites”, que é “a grande preocupação”, explicou à Lusa a presidente da Câmara da Ponta do Sol, Célia Pessegueiro.
A autarca socialista, que falava às 18:45, num balanço do incêndio rural que lavra há nove dias na ilha da Madeira e entrou no domingo no município da Ponta do Sol, indicou que as várias equipas no terreno têm estado a conseguir “contê-lo numa zona que permite o combate”.
“Permite o combate naquilo que se aproxima do Caminho Real, por exemplo, ou do Caminho da Quinta, no caso da Lombada. Depois tudo o resto vai ardendo, porque desta forma não é possível outro tipo de combate, há zonas que são inacessíveis”, descreveu.
Nestas áreas zonas sem trilhos e sem levadas “não dá para fazer de outra forma”, porque “o próprio fogo também às vezes vai ao encontro de outras áreas que já estão ardidas” e tem que “fazer o resto do percurso para morrer por ali”, notou Célia Pessegueiro.
É o caso da situação decorrente do reacendimento do lado das Rabaças, enquanto no caso da Lombada, durante o dia, a subida da temperatura leva a que em zonas com mais matéria combustível as chamas voltem “a ganhar fôlego”.
“O fogo nunca esteve extinto, nem de um lado nem de outro. Isto ao fim e ao cabo foi o mesmo fogo”, indicou, explicando que se dividiu para as duas encostas da ribeira, numa frente extensa que ao progredir para sul passou a arder nas duas margens.
“Continua a lavrar e, portanto, vamos para mais uma noite e mais um dia”, anteviu a autarca.
Ao início da tarde estavam na Ponta do Sol 19 bombeiros de várias corporações da Região Autónoma da Madeira; sete operacionais da unidade especial, composta por GNR e Proteção Civil; e 12 elementos de apoio logístico.
“A Ponta do Sol tem uma pequena mancha de Laurissilva, é o único concelho a sul que tem uma pequena mancha de Laurissilva, que é pequenina comparativamente ao que há no norte da ilha, e que fica na zona das Rabaças, aquela onde já ardeu”, admitiu Célia Pessegueiro, considerando, no entanto, que perceber exatamente se ardeu ou não nessa zona é um trabalho “para depois”.
O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e, através do Pico Ruivo, Santana.
As autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção dos da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos.
O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas ou de infraestruturas essenciais.
Alguns bombeiros receberam assistência por exaustão ou ferimentos ligeiros, não havendo mais feridos.
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 4.930 hectares de área ardida.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.
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