“Faço parte daqueles que consideram que autorizar os pedidos de asilo [a partir das plataformas] iria criar um fator de atração incrível”, declarou o chefe do Governo austríaco à rádio Ö1, numa altura em que o país acaba de assumir a presidência semestral da União Europeia.
Kurz acrescentou que a questão suscitou opiniões divergentes na recente cimeira de líderes europeus sobre as migrações.
Na cimeira, que decorreu em plena crise política sobre o futuro do direito de asilo na Europa, os responsáveis dos países da UE concordaram com o aprofundamento do conceito ainda vago das “plataformas regionais de desembarque” de migrantes socorridos em águas internacionais.
O chanceler austríaco considera que seria “mais inteligente ir procurar diretamente as pessoas em zonas de guerra, em vez de criar um incentivo para empreender a perigosa travessia do Mediterrâneo”.
Outra questão que Kurz colocou é a de saber se “a nível mundial, os 60 milhões de pessoas que estão a fugir dos seus países devem pedir asilo na Europa ou se não podem fazê-lo noutro lugar”.
Até agora, nenhum país fora da UE se disponibilizou para acolher as “plataformas regionais de desembarque”, cuja implementação levanta muitas dúvidas entre os países europeus e sobre a compatibilidade com o direito internacional.
O chanceler austríaco disse no sábado que seria viável fazer acordos com países africanos para acolher esses locais, esperando que seja realizada uma cimeira UE-África até ao final do ano.
A ideia seria poder determinar nesses locais quem pode, ou não, solicitar asilo, o que o chanceler austríaco agora rejeita, em linha com o programa anti-migrações com que venceu as legislativas de outubro de 2017.
Esta estratégia dura contra a imigração vai dominar a presidência europeia de Kurz, que se congratulou com a “mudança de tendência” que, em sua opinião, representa o plano para endurecer as políticas de asilo na Europa que resultou da cimeira europeia.
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