“Fizemos toda a pesquisa, todos os dados, todas as análises, toda a segmentação. Executámos toda a campanha digital, a campanha de televisão e os nossos dados informaram toda a estratégia”, disse Alexander Nix, durante uma reunião gravada pelo Channel 4.
Esta revelação surge menos de uma semana depois de ter sido exposto que a Cambridge Analytica terá usado ilegalmente a informação de 50 milhões de utilizadores do Facebook para prever e direcionar as orientações de voto nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 enquanto trabalhava para a campanha de Donald Trump.
A emissora citou recentes alegações de um ex-funcionário de que a empresa utilizou incorretamente informações de mais de 50 milhões de contas do Facebook para ajudar o Trump, bem como os comentários não protegidos que Nix fez durante a sua reunião com o jornalista que ele pensava ser um cliente.
As autoridades britânicas estão a investigar a empresa Cambridge Analytica pelo seu tratamento de dados pessoais. A empresa negou as irregularidades.
O repórter do Channel 4 apresentou-se como um potencial cliente interessado em contratar a Cambridge Analytica para influenciar campanhas no Sri Lanka.
Alexander Nix afirmou ter-se encontrado “muitas vezes” com Trump, mas não forneceu detalhes e referiu que a empresa enviou e-mails com um “temporizador de autodestruição” durante a campanha Trump para tornar seu papel mais difícil de rastrear.
Nas imagens divulgadas na segunda-feira, o Channel 4 mostrou que Nix sugeria que a empresa poderia manchar os rivais políticos, oferecendo-lhes grandes quantidades de dinheiro ou tentando-os a situações sexuais comprometedoras.
O Channel 4 também citou Mark Turnbull, da Cambridge Analytica, que terá afirmado que a empresa poderia criar “organizações de proxy” para alimentar material negativo sobre candidatos da oposição.
A consultora Cambridge Analytica obteve, em 2014, informação relativa a mais de 50 milhões de utilizadores do Facebook nos Estados Unidos e usou-a para construir um programa informático destinado a prever as decisões dos eleitores e, por isso mesmo, influenciá-los, revelaram no sábado os diários London Observer e o New York Times.
O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, instou hoje o fundador e administrador executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, a prestar contas aos eurodeputados sobre o uso de dados de cidadãos europeus na sequência do escândalo da Cambridge Analytica.
Uma comissão parlamentar do Reino Unido também tinha anunciado que convocou Mark Zuckerberg para responder sobre o alegado uso de dados da rede social para influenciar indevidamente processos eleitorais.
Por outro lado, a comissária da informação do Reino Unido, Elizabeth Denham, também já disse que vai usar todos os poderes ao seu alcance para investigar o Facebook e a Cambridge Analytica.
A comissária está a tentar obter um mandato para fazer uma busca aos servidores da Cambridge Analytica.
O método de colheita de dados usado pela Cambridge Analytica também motivou investigações por parte da União Europeia, bem como de responsáveis federais e estaduais nos Estados Unidos.
A Comissão de Proteção de Dados da Irlanda (DPC) informou hoje que vai analisar o uso da publicidade política no Facebook, também devido ao alegado uso indevido de dados por parte da Cambridge Analytica.
Comentários