Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão realça que Annalena Baerbock foi convidada pelo homólogo “e amigo” Dmytro Kuleba, tendo declarado, já em Kharkiv, que a população ucraniana “pode contar” com o “apoio e solidariedade” da Alemanha no que diz respeito ao fornecimento de geradores, transformadores, combustíveis ou mantas para sobreviver ao inverno rigoroso.
“Esta cidade é um símbolo da loucura absoluta da guerra de agressão russa na Ucrânia e do sofrimento sem fim que as pessoas, especialmente aqui no leste do país, enfrentam todos os dias”, disse a ministro.
A visita de Baerbock só foi tornada pública quando ela já estava no comboio de regresso à Alemanha por questões de segurança.
Muitos líderes ocidentais estiveram na Ucrânia desde a invasão russa em 24 de fevereiro, incluindo o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o Presidente francês, Emmanuel Macron.
No entanto, nenhum chegou ao extremo leste, onde as tropas russas tomaram vários territórios.
Kharkiv foi alvo de vários bombardeamentos no início do conflito, mas as forças ucranianas conseguiram defendê-la. Atualmente, a frente de combate já se afastou e está agora a cerca de 130 km da cidade.
A Ucrânia, garantiu a chefe da diplomacia alemã, pode também contar com a entrega das armas de que necessita “para libertar os concidadãos que ainda sofrem com o terror da ocupação russa”.
Após longos meses de hesitação, a Alemanha anunciou recentemente o envio de 40 veículos blindados Marder, até a primavera, embora Kiev continue a exigir entregas de tanques de guerra alemães do tipo Leopard.
Dentro da coligação de Olaf Scholz, os Verdes (partido de Baerbock) e os Liberais também estão a exigir ir mais longe no apoio militar a Kiev.
Baerbock falou também sobre o processo de adesão da Ucrânia à União Europeia (UE).
A Ucrânia, juntamente com a Moldávia, recebeu o estatuto de candidato à UE em junho, mas representantes de vários Estados-membros já os haviam alertado para não terem ilusões quanto a uma adesão rápida.
“É importante para mim que não percamos de vista o lugar da Ucrânia na nossa família europeia, mesmo neste inverno de guerra. Os ucranianos também lutam todos os dias pelo direito de viver de forma independente. Eles veem o seu futuro na Europa, na UE”, insistiu Baerbock.
O Governo alemão, sublinhou a chefe da diplomacia alemã, “pretende fazer ofertas muito concretas a Kiev de modo a avançar no reforço do Estado de direito, das instituições independentes e na luta contra a corrupção”.
Esta é a terceira vez que Baerbock visita a Ucrânia desde o início da invasão russa, depois de passagens por Kiev e Bucha, cidade perto da capital ucraniana onde as tropas russas são acusadas de terem cometido numerosos crimes de guerra.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.919 civis mortos e 11.075 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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