No vídeo, intitulado, "Foi um minuto", Will Smith coloca-se à disposição para responder a muitas das questões que foram levantadas depois de ter agredido o comediante Chris Rock, em direto, após este fazer uma piada com a esposa de Smith, galardoado nesta cerimónia com o prémio de Melhor Ator.
Porque não pediste desculpa ao Chris quando subiste ao palco [para receber o Óscar de Melhor Ator]? Esta é a primeira pergunta de uma série de questões a que Smith responde neste vídeo.
O ator começa por dizer que ainda não estava em si nesse momento, que estava tudo "nublado" e adianta que já tentou falar com o comediante, tendo este passado a mensagem de que não estava preparado para falar. “Chris, peço-te desculpa, o meu comportamento foi inaceitável, e estou aqui para quando estiveres pronto para falar”, diz Smith logo de seguida, olhando diretamente para a câmara.
Depois, o ator pediu desculpa à mãe de Chris Rock e à sua família, dizendo que não percebeu naquele momento quantas pessoas ficaram magoadas com a sua ação. "Tony Rock [irmão de Chris Rock] é meu amigo, isto é provavelmente irreparável", reconheceu Smith.
"Eu passei os últimos três meses a rever e a entender as nuances e complexidades do que aconteceu nesse momento e, não vou tentar explicar tudo agora, mas posso dizer a todos vocês que não há nenhuma parte de mim que pense que aquela foi a forma certa de me comportar naquele momento", acrescentou.
Durante o vídeo, em resposta a nova pergunta, Will Smith esclarece que a mulher, Jada Smith, alvo da piada de Chris Rock, não lhe pediu para fazer nada, afastando-a complemente de qualquer responsabilidade pela sua ação, aproveitando o momento para também pedir desculpa à sua própria família por tudo aquilo que, indiretamente, também acabou por cair sobre eles.
Na fila dos pedidos de desculpa, seguiu-se a comunidade de Hollywood, especificamente todos aqueles que estavam nomeados naquela noite: "parte-me o coração ter roubado e manchado o vosso momento".
"Desapontar pessoas é o principal drama da minha vida. Odeio quando desaponto pessoas. Por isso, magoa-me psicologicamente e emocionalmente não ter estado à altura da imagem e impressão que as pessoas têm de mim. O trabalho que estou a tentar fazer é tentar sentir os remorsos sem sentir vergonha de mim mesmo. Certo? Sou um ser humano, cometi um erro e estou a tentar não pensar em mim como um pedaço de merda. [...] Eu sei que foi confuso, eu sei que foi chocante, mas eu prometo que estou profundamente devoto e comprometido a dar luz, amor e alegria a este mundo. Se esperarem, prometo que vamos conseguir ser amigos outra vez", concluiu Will Smith
O incidente aconteceu durante a cerimónia dos Óscares quando o humorista Chris Rock, que ia apresentar o Óscar de Melhor Documentário, iniciou a sua intervenção com um número de comédia, durante o qual comparou a mulher de Smith, a atriz Jada Pinkett-Smith - que não tem cabelo, por sofrer de uma doença autoimune -, à tenente O'Neil, "GI Jane", do filme de Ridley Scott.
Will Smith levantou-se, subiu a palco deu uma bofetada em Chris Rock e regressou ao lugar, de onde continuou a gritar: "Mantém o nome da minha mulher fora da tua 'fucking mouth'".
Em palco, Chris Rock ainda tentou minimizar a situação, mas sem disfarçar o incómodo, dizendo que tinha sido um momento para "a história da televisão".
Pouco depois, Will Smith regressou a palco para receber o Óscar de Melhor Ator, e durante o discurso, em lágrimas, pediu desculpa à Academia e aos nomeados, e tentou tentando justificar o seu comportamento, sem falar diretamente da agressão ao humorista.
"Richard Williams foi um corajoso defensor da sua família", disse, numa referência ao pai das irmãs Williams, papel que desempenha e lhe deu o Óscar, no filme “King Richard”.
"Por vezes, é preciso aturar insultos, e é preciso continuar a sorrir e a dizer que está tudo bem", acrescentou o ator.
No final da cerimónia, a Academia escreveu um breve comentário no Twitter dizendo que, genericamente, condenava atos de violência, mas uma semana depois baniu Will Smith da cerimónia dos Óscares durante 10 anos.
Numa carta aberta divulgada após a reunião dos 54 dos governadores da Academia, o presidente do grupo, David Rubin, e o presidente-executivo, Dawn Hudson, consideraram “inaceitável” o comportamento de Will Smith, admitindo que não lidaram com situação de forma adequada durante o evento que ocorreu em 27 de março.
“(…) Lamentamos. Esta foi uma oportunidade para darmos um exemplo para os nossos convidados, espetadores e à nossa família da Academia em todo o mundo, e ficamos aquém – incapacitados para o inédito”, lê-se na carta.
Antes, o ator já tinha apresentado a demissão da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela organização dos Óscares: “Respondi diretamente ao aviso de uma audição disciplinar da Academia e vou aceitar plenamente todas quaisquer consequências pela minha conduta. As minhas ações (…) foram chocantes, dolorosas e imperdoáveis”, adiantou na altura Will Smith.
“(…) Estou a demitir-me da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e aceitarei quaisquer outras consequências que o Conselho considerar apropriadas. A mudança leva tempo e estou e comprometido em fazer o trabalho para garantir que nunca mais permita que a violência se sobreponha à razão”, salientou.
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