O jovem é "inteligente", "divertido" e "voraz intelectualmente". Quem o diz é Carole Cadwalladr, jornalista do britânico The Guardian que colaborou com ele durante um ano.
Nasceu no Canadá, tem 28 anos e um cabelo cor-de-rosa que salta prontamente à vista. E pode ser considerado um antecipador de tendências. No entanto, segundo escreveu Cadwalladr, que conversou com Wylie durante horas antes de se encontrarem, a "cor do cabelo só veio depois".
Wylie abandonou a escola aos 16 anos sem ter terminado o secundário, mas no ano seguinte começou a trabalhar para o chefe da oposição canadiana.
Com os cabelos pintados de rosa, óculos escuros com grandes armações quadradas e um piercing no nariz é, ao mesmo tempo, um "contador de histórias genial", um "político" e um autodidata.
Wylie descreve-se como o "canadiano homossexual e vegetariano que criou o utensílio da guerra psicológica de Steve Bannon", ex-conselheiro de Donald Trump que, segundo ele, estava envolvido na CA.
Após a sua saída precoce da escola, chegou a Londres para retomar os estudos, primeiro em Direito na London School of Economics, depois em Moda, antes de ser contratado em junho de 2013 como diretor de investigação para a sociedade Strategic Communication Laboratories (SCL), matriz da CA, que ajudou a criar.
"Sim, ajudei a criar essa empresa", disse numa entrevista a vários jornais europeus. "O que aconteceu é que fui apanhado pela minha própria curiosidade devido ao trabalho que fazia. Não é uma desculpa, mas vi-me a fazer o trabalho de investigação que desejava fazer e com um orçamento de vários milhões, o que era uma verdadeira tentação", segundo declarações publicadas esta terça-feira no jornal francês Libération.
É que, no início, admite, gostava das "viagens pelo mundo", dos encontros com "ministros de todo o tipo de países" e do trabalho de investigação.
Pró-Brexit
Todavia, descobriu há algumas semanas que o seu antecessor havia morrido num hotel queniano em circunstâncias não esclarecidas. "As pessoas suspeitavam de um envenenamento", declarou esta terça aos membros de uma comissão parlamentar britânica que investiga as "fake news" [notícias falsas].
Para falar aos deputados, trocou as suas habituais camisolas por um fato sóbrio e uma gravata, e explicou durante várias horas as suas acusações contra a CA, de onde saiu em 2014.
Contou que decidiu falar sobre o tema pouco depois da chegada de Donald Trump ao poder, comprovando, segundo ele, o "impacto" que podia existir no "desvio" de dados pessoais com fins políticos. E mostrou-se "incrivelmente arrependido" pelo papel que desempenhou na CA.
Christopher Wylie também animou os deputados que se encontram a investigar a Aggregate IQ (AIQ), empresa canadiana que ele relaciona com o grupo SCL, pois mostrou-se "absolutamente" seguro de que a AIQ usou as bases de dados da CA na campanha de referendo sobre o Brexit em benefício de organizações que faziam campanha a favor da saída do Reino Unido da União Europeia.
Ao afirmar que foi partidário do Brexit "apesar dos meus cabelos cor-de-rosa e do piercing no nariz" e que era "um dos poucos espécimes eurocéticos progressistas", indicou a necessidade de esclarecer que "a integridade do processo democrático" tem de ser respeitado.
A empresa CA negou vigorosamente as acusações feitas.
Em comunicado, a empresa afirma que Christopher Wylie era somente "um funcionário a part-time que abandonou as suas funções em julho de 2014 e não tem nenhum conhecimento direto do nosso trabalho ou das nossas práticas desde essa data".
Christopher Wylie disse ainda aos deputados que não considera que a CA seja uma "empresa legítima". "Não acho que devam continuar a fazer negócios", acrescentou.
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