Numa conferência de imprensa em Blantyre (sul), a capital económica do país e segunda cidade, o comissário do Departamento de Gestão de Catástrofes, Charles Kalemba, confirmou o número de mortos, dos quais 85 foram registados em Blantyre.
Além disso, 134 pessoas ficaram gravemente feridas somente em Blantyre, segundo a imprensa local, que cita Kalemba.
Segundo o responsável, cerca de 4.000 famílias foram afetadas, o equivalente a mais de 10.000 pessoas.
O Ministério dos Recursos Naturais e Alterações Climáticas advertiu que o ciclone “continuará a causar chuvas torrenciais associadas a rajadas e ventos fortes” em áreas do sul do Maláui.
Os voos programados no aeroporto de Blantyre foram cancelados e as escolas fecharam após as inundações causadas pelo transbordo de rios terem afetado áreas residenciais, cortando estradas e destruindo habitações.
De acordo com o Departamento de Gestão de Catástrofes, o ciclone poderia provocar precipitações acumuladas entre 400 e 500 milímetros no sul do país dentro de 72 horas antes de perder força na quarta-feira.
Além de Blantyre, esperam-se inundações nos distritos de Nsanje, Chikwawa, Thyolo, Mwanza, Mulanje, Phalombe e Zomba.
O Maláui declarou hoje o estado de calamidade em várias partes do sul do país.
Este ciclone, que fez uma trajetória em arco raramente observada e é descrito como “fora da norma” pelos meteorologistas, também está a afetar Moçambique, pela segunda vez.
Neste país lusófono, pelo menos oito pessoas morreram devido à passagem do ciclone na província da Zambézia, segundo dados preliminares avançados pelo Ministério da Saúde.
Do número total de óbitos em Moçambique, sete ocorreram na cidade de Quelimane, a capital provincial, e um no distrito de Mocuba, e “há também uma considerável destruição de infraestruturas” disse à comunicação social na província da Zambézia o ministro da Saúde, Armindo Tiago.
Vários bairros da cidade de Quelimane estão sem energia e telecomunicações.
O ciclone Freddy já perdeu força e é agora uma tempestade tropical, mas ainda assim deverá provocar chuva intensa até quarta-feira no centro de Moçambique.
É a segunda vez que este ciclone se abate sobre Moçambique, depois de um primeiro embate em 24 de fevereiro, provocando 10 mortes devido a condições adversas durante vários dias.
O Freddy já é um dos ciclones mais duradouros e que realizou uma trajetória mais longa nas últimas décadas, percorrendo mais de 10.000 quilómetros desde que se formou no norte da Austrália, em 04 de fevereiro, e cruzou o oceano Índico até ao sul do continente africano.
O ciclone atingiu pela primeira vez a costa leste de Madagáscar em 21 de fevereiro e, depois de atingir Moçambique, regressou à ilha a 05 de março, onde quase 300.000 pessoas foram afetadas e 17 morreram, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas.
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