Integrado no programa Erasmus+, o projeto designa-se "Network of Role Models" ("Rede para Cidadãos-Modelo", no inglês original) e envolve uma estrutura internacional destinada a promover a inclusão social, a cidadania, a igualdade de oportunidades e o respeito pelos direitos humanos, com vista a diminuir a discriminação e intolerância para com pessoas "portadoras de diferença".
Na prática, os oito municípios estão em fases diferentes de implementação do projeto, mas em comum têm o objetivo de divulgar a história de vida de cidadãos-modelo que, pelo seu exemplo, possam sensibilizar a população para a importância de se construir "uma sociedade adaptada a todos, respeitando as diferenças e a individualidade de cada um".
No caso de Santa Maria da Feira, por exemplo, um dos "role models" (cidadãos-modelo) escolhidos para o projeto foi Ivo Rocha, que, sendo paraplégico, se sagrou campeão nacional em natação adaptada e detém atualmente o recorde das provas de 100 metros bruços e 200 metros estilos, pelo que integra, desde março, o projeto paralímpico Tóquio-2020.
Também no caso de Palmela a escolha do município recaiu sobre uma atleta de natação adaptada: Simone Fragoso conquistou diversos títulos em Portugal, bateu vários recordes nacionais e representou o país em campeonatos da Europa, do Mundo e nos Jogos Paralímpicos de 2008, 2012 e 2016. Além disso, é Mestre em Música, treinadora de natação na equipa Palmela Desporto e madrinha do projeto "Aprender a Nadar", dirigido aos alunos do 1º. Ciclo.
Já em Loulé, o projeto tem como cidadãos-modelo dois portadores de deficiência motora: Eduardo Ferreira, rececionista numa empresa privada e empresário na aldeia de Alte, e João Batista Monteiro, licenciado em Psicologia Clínica e presidente da Existir - Associação para a Intervenção e Reabilitação de Populações Deficientes e Desfavorecidas.
Câmara de Lobos, por sua vez, cruza casos de superação física e social: por um lado, aposta no exemplo de Alejandro Pinto, jovem invisual que se licenciou em Comunicação, Cultura e Organizações, e que hoje trabalha na biblioteca do Município; por outro, divulga também a história de Telmo Ferreira, que, após uma infância de extrema pobreza como um dos "meninos das caixinhas" que pedia esmola na rua, se afirmou depois como bailarino e preside hoje à Associação dos Amigos da Arte Inclusiva - Dançando com a Diferença.
Esses e outros cidadãos-modelo vão assim participar em várias iniciativas destinadas a sensibilizar a sociedade para uma maior inclusão social e tolerância, o que implicará medidas como sessões de debate com a comunidade escolar, concursos multimédia sobre a temática da cidadania e da igualdade de oportunidades, projetos concretos de eliminação de barreiras arquitetónicas à plena mobilidade, programas de mentoria, etc.
Para a vereadora Cristina Tenreiro, que tutela as áreas da Educação, Desporto e Juventude na Câmara Municipal da Feira, uma das últimas a associar-se ao projeto, trata-se de "fortalecer a inclusão social, a compreensão intercultural e o pensamento crítico - através da apresentação de exemplos inspiradores que podem ajudar a Europa a construir sociedades prósperas, tolerantes e inclusivas".
Jovens e adultos em risco de pobreza, de exclusão ou de radicalização violenta são o público-alvo da ‘Network of Role Models’, que se propõe impedir o abandono escolar precoce e garantir formação e emprego a cidadãos que se encontrem em contexto de baixo nível socioeconómico, que sejam provenientes de áreas desfavorecidas, que se encontrem a cumprir penas prisionais ou que tenham antecedentes criminais.
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