Como escreve a Reuters, para chegar a estes resultados, uma equipa liderada por Maciej Goniewicz analisou dados entre 2013 e 2014 a partir do Population Assessment of Tobacco and Health, um estudo a nível nacional dos EUA que observa os níveis de consumo de tabaco no país e os seus riscos.
A partir das análise de urina de 5105 participantes voluntários em idade adulta, a equipa verificou que 2411 fumavam apenas cigarros, 247 utilizaram somente cigarros eletrónicos e 1655 nunca fumaram de qualquer uma das formas.
Contudo, como demonstra o estudo publicado na rede online do JAMA (Journal of the American Medical Association), o dado mais surpreendente é que os restantes 792 participantes consumiram tanto a partir de cigarros eletrónicos como de cigarros tradicionais. Este número de “utilizadores duais”, segundo Goniewicz, é “mesmo surpreendente”.
Como resultado, estes são os utilizadores com níveis mais elevados de biomarcadores de nicotina, seguindo-se os fumadores tradicionais, mantendo-se esta tendência quanto a indicadores de metais pesados como chumbo e cádmio, assim como nitrosaminas (compostos químicos cancerígenos) e outras substâncias tóxicas. Estes valores baixam em utilizadores exclusivos de cigarros eletrónicos, que mesmo assim são bastantes mais altos do que em relação a não-fumadores.
Olhando para estes dados, Goniewicz conclui à agência noticiosa que, “para fumadores que estejam a querer deixar de fumar, pode ser benéfico usar cigarros eletrónicos como forma de transição”, mas que estes “são apenas benéficos se os fumadores mudarem completamente para a vaporização”. O líder do estudo lembra, contudo, que muitos casos não são de pessoas que querem deixar de fumar, mas que “usam cigarros eletrónicos em ambientes onde não podem fumar e depois fumam em casa”.
Segundo alguns especialistas, estudos como este ajudam a clarificar quais os riscos de saúde em relação aos cigarros eletrónicos. Todavia, de acordo com o doutor Michael Lynch, toxicólogo, médico de urgências e diretor do Pittsburgh Poison Center na faculdade de medicina da Universidade de Pittsburgh, “os resultados devem ser vistos de forma preliminar, porque não há tantos para os utilizadores puros de cigarros eletrónicos como há para fumadores tradicionais”.
Para o doutor Michael Blaha, do Johns Hopkins Hospital em Baltimore, a questão é “o quão tóxicos são os cigarros eletrónicos?” A resposta a esta pergunta é “importante” porque “estamos a averiguar os potenciais benefícios dos cigarros eletrónicos enquanto auxílio de paragem [de fumar] versus os perigos muito verdadeiros do ‘uso singular de cigarros eletrónicos” de jovens não fumadores que os usem como o seu primeiro produto de tabaco”.
Blaha, que não fez parte deste estudo, disse à Reuters que o “estudo demonstra que, se por um lado os cigarros eletrónicos estão claramente associados a uma exposição menos tóxica do que cigarros combustíveis, estão certamente associados a mais exposição do que uma não utilização de tabaco”, ou seja que são “mais seguros do que cigarros tradicionais, mas não são seguros em si”.
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