“Decidimos formar um grupo, ‘Os Mutilados’, por exemplo” contou Robin Pages, numa conferência de imprensa realizada em Gennevilliers (Paris), manifestante que sofreu uma lesão grave no pé em 2017 em Bure (nordeste), onde está previsto ser construído um aterro para lixo nuclear.
Hoje, 19 pessoas que ficaram feridas com balas de borracha ou por granadas lançadas pela polícia apresentam o movimento que, dizem, pretende “combater a repressão ultraviolenta” e deseja proibir o “uso destas armas de guerra”.
Cada um dos presentes contou a forma como os ferimentos os abalaram ou a incapacidade que têm “de se olhar para o espelho.”
“À noite temos insónias, pesadelos, é o horror diário tentar lutar da melhor maneira possível com uma mão só”, disse Sébastien Maillet, que ficou sem uma mão na manifestação de Paris a 09 de fevereiro.
No sábado, vários milhares de “coletes amarelos” mobilizaram-se novamente em diversas cidades de França, apesar do recente anúncio de medidas do Presidente Emmanuel Macron em resposta à crise social no país.
Segundo dados do Ministério do Interior, estavam registados às 12:00 TMG (13:00 em Lisboa) 5.500 manifestantes em todo o país, 2.600 dos quais em Paris.
Na semana passada à mesma hora, o número de manifestantes era de 9.600, dos quais 6.700 na capital francesa.
Há mais de cinco meses que os “coletes amarelos” saem à rua todos os sábados para pedir mais justiça social e fiscal, em desfiles por vezes entremeados de violência.
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