No discurso de balanço do seu mandato (2014-2019), Juncker considerou que a sua Comissão cumpriu no essencial nas três grandes frentes que elegeu como prioritárias há cinco anos – o crescimento, o emprego e o investimento -, e lamentou que não tenha sido possível ir mais longe noutros domínios, como na política de refugiados ou na união bancária, apontando o dedo à falta de esforço dos Estados-membros.
Naquele que terá sido o seu último discurso no hemiciclo de Estrasburgo — ainda que a atual Comissão deva prolongar o seu mandato por um mês, até 30 de novembro, face ao impasse na formação da ‘Comissão Von der Leyen’ -, Juncker considerou que não há motivos para demasiadas celebrações, mas admitiu “orgulho” com o esforço da sua equipa — “se todos se esforçassem do mesmo modo, estaríamos melhor”, observou – e por ter dado o seu “pequeno contributo” para o projeto europeu.
Recordando o contexto complexo em que assumiu funções, “a pior crise económica e social desde a Segunda Guerra Mundial”, Juncker, referindo-se às três áreas em torno das quais se propôs trabalhar mais afincadamente, apresentou números para dar conta dos resultados alcançados, apontando que a Europa vai já no 25º trimestre consecutivo de crescimento económicos, foram criados 14 milhões de postos de trabalho e o ‘plano Juncker’ gerou investimentos suplementares na ordem dos 439,4 mil milhões de euros.
Ainda no plano económico, não escondeu o seu orgulho por ter defendido ‘com unhas e dentes’ a permanência da Grécia na zona euro, “contra a vontade de muitos”, e por a Comissão Europeia ter defendido e garantido uma leitura “mais flexível e inteligente” do Pacto de Estabilidade e Crescimento, o que ajudou países com Portugal, Espanha, Itália e Grécia, referiu.
Jean-Claude Juncker admitiu também desilusão com a falta de progressos em muitas áreas, mas fazendo questão de recordar as muitas propostas apresentadas pelo seu executivo, que acabaram por não ser aprovados em tempo útil pelo Conselho (Estados-membros).
O presidente cessante da Comissão lamentou que não tenha sido possível “avançar no dossier da reunificação cipriota” ou “num tratado com a Suíça”, deplorou que, ainda hoje, não tenha sido concretizada a União Bancária, pilar de uma verdadeira União Económica e Monetária, e lembrou todas as propostas que apresentou no sentido de melhorar a política de refugiados, matéria onde não foi possível ir mais longe devido aos obstáculos de vários Estados-membros, embora salientando que a Europa salvou 760 mil vidas no Mediterrâneo.
Juncker concluiu a sua intervenção afirmando que “é preciso continuar a lutar pela Europa e combater com todas as forças os nacionalismos estúpidos”.
“Viva a Europa”, concluiu, sendo ovacionado de pé pela esmagadora maioria dos eurodeputados e pelos seus comissários.
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