"Ficariam assim associadas [as cerimónias nacionais do 10 de junho de 2019] às comemorações dos 600 anos da sua descoberta, em 1419", disse Guilherme Silva, numa cerimónia na cidade Vila Baleira, na qual participou o Presidente da República.
O responsável disse, por outro lado, que a comissão executiva não reclamou do Orçamento do Estado "um cêntimo que fosse" para as comemorações dos 600 anos da descoberta da Madeira e do Porto Santo, mas realçou que, no mínimo, gostaria de contar com a "compreensão" do Governo da República, a quem dirigiu também apelo para a realização do Dia de Portugal do próximo ano na região autónoma.
Guilherme Silva destacou, entretanto, a grande dimensão da saga portuguesa, que começou há seis séculos com a descoberta do Porto Santo, vincado que o país devia agora ser capaz de prosseguir esse caminho.
"Se fomos capazes e pioneiros no passado, devíamos também ser capazes no presente, e sobretudo no futuro próximo, de tomar a dianteira e liderar, por via dos recursos naturais ao nosso alcance, o que cada vez mais se apresenta como a economia do futuro - a economia do mar", salientou.
O responsável evocou a importância das regiões autónomas portuguesas no alargamento do espaço geográfico e geoestratégico da Europa no Atlântico e lamentou o facto de muitas políticas comunitárias colidirem com as opções nacionais.
"Não tem sentido, com o mar que temos, que 60% do pescado que consumimos seja importado e grande parte dele pescado nas nossas águas pela frota espanhola. Algo está errado em situações como esta", disse.
Guilherme Silva lembrou que Portugal esteve de costas voltas para a Europa durante anos e ao aderir à comunidade europeia voltou as costas ao mar.
"Mas não é forçoso, nem devemos admitir como fatalidade, que as duas coisas não sejam conciliáveis", disse.
Na mesma cerimónia, o presidente da Câmara Municipal do Porto Santo, o social-democrata Idalino Vasconcelos, destacou as "agruras" e as "glórias" do passado, realçando que, ao cabo de 600 anos de história, existem ainda "dificuldades e arestas a limar", que "teimam em persistir", por via da dupla insularidade e da sazonalidade.
"Preocupam-nos questões como os transportes marítimos regionais e as suas ligações inter-ilhas, que nos priva de transporte marítimo regular, todos os anos, durante o mês de janeiro", afirmou, referindo-se ao facto de o navio Lobo Marinho estar inoperacional nesse mês.
Idalino Vasconcelos indicou também como preocupações as questões ligadas aos transportes aéreos, que pelo peso das taxas aeroportuárias "oneram substancialmente" o custo final das ligações aéreas.
"Preocupam-nos as questões ligadas à garantia da continuidade territorial quando se suprime as ligações aéreas com o território nacional, que deveria ser um valor absoluto de uma Transportadora Aérea Portuguesa", disse, sublinhando ainda a problemática do desemprego e da formação profissional, bem como o envelhecimento da população e a falta de massa crítica nesta ilha.
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