J Trad, cardiologista do Oklahoma, encontrava-se a dormir profundamente a bordo de um voo da KLM no regresso de uma missão médica no Uganda quando foi acordado por um membro da sua equipa: havia uma urgência médica, um passageiro precisava de ajuda. Ao chegar ao local, encontrou um homem coberto de suor e com dores intensas no peito, conta a CNN.

O médico suspeitou imediatamente de um enfarte agudo do miocárdio — condição que conhece bem, pois sobreviveu a um no ano anterior.

Por sorte, levava consigo medicação e equipamentos médicos, resultado da missão com a organização Cura for the World, que fundou para construir clínicas em zonas carenciadas. Entre os dispositivos que transportava, destacava-se um electrocardiograma (ECG) de bolso, do tamanho de um cartão de crédito, que se viria a revelar essencial para o diagnóstico.

O paciente avaliava a dor no peito como um 10 numa escala de 1 a 10, o que indicava um potencial caso grave. Perante a aflição da esposa, que questionava se seria necessário aterrar de emergência, Trad assumiu o controlo da situação.

Utilizando almofadas do avião, improvisou uma maca numa fila de assentos vazia, elevando os pés do homem para estimular o fluxo sanguíneo. Após descartar outras possíveis causas, como hipoglicemia ou embolia, ativou o seu dispositivo pessoal: um KardiaMobile, que guarda na carteira desde o seu próprio episódio cardíaco.

O método de funcionamento é simples: o paciente coloca os polegares no dispositivo, permitindo a monitorização contínua da actividade elétrica cardíaca, nomeadamente possíveis arritmias – uma das causas mais comuns de morte súbita após um enfarte.

Assim, o pequeno dispositivo permitiu-lhe monitorizar o ritmo cardíaco do passageiro em tempo real através de uma aplicação no telemóvel. No total, foram administrados cinco medicamentos utilizados em casos de enfarte. Passados 45 minutos, os sinais vitais estabilizaram e as dores começaram a diminuir.

A tripulação consultou o médico de terra da KLM e questionou Trad sobre a possibilidade de desvio do voo para a Tunísia. Contudo, o cardiologista garantiu que o paciente estava estável e que a monitorização a bordo era adequada até à chegada a Amesterdão, o destino final do voo.

A situação manteve-se controlada nas duas horas seguintes. O desconforto torácico regressou perto da aterragem, mas foi novamente tratado com medicação. Após a aterragem segura no Aeroporto Schiphol, uma ambulância aguardava o passageiro para o transportar ao hospital.