Quem esteve em debate:
- Rui Moreira (Porto o Nosso Movimento, Independente, com o apoio do CDS-PP e do Iniciativa Liberal)
- Tiago Barbosa Ribeiro (PS)
- Vladimiro Feliz (PSD)
- Sérgio Aires (Bloco de Esquerda)
- Ilda Figueiredo (CDU)
- Bebiana Cunha (PAN)
- António Fonseca (Chega)
No dia a seguir a ser palco de um debate animado entre sete candidatos à câmara municipal de Lisboa, o debate entre outros sete candidatos à câmara do Porto foi sobretudo cortês. Rui Moreira, o atual autarca, manteve-se cordial, soltando faíscas apenas com Tiago Barbosa Ribeiro.
A habitação e a mobilidade na cidade foram os grandes temas, com os candidatos a concordar que a avenida do Brasil teve uma má solução (o próprio Rui Moreira admitiu não gostar da forma), e com necessidade de reforçar as respostas da câmara na habitação, quer social, quer focada nas classes médias.
Os grandes temas:
- Rui Moreira defende-se das sombras Selminho
A primeira questão do debate foi para Rui Moreira. O autarca concorre ao último mandato, mas sobre ele paira agora a possibilidade de perda de mandato, caso seja condenado no caso Selminho, que vai a julgamento já depois do voto, em novembro.
"A minha família nunca recebeu ou nunca receberá uma indemnização pecuniária", afirmou o ainda presidente, acrescentando ainda que o advogado que tratou do tema, na altura, foi até nomeado por Rui Rio. Tiago Barbosa Ribeiro disse depois que não acha que as questões judiciais devam ser trazidas para o debate político.
Vladimiro Feliz disse também que não traria o caso para a praça públicas, mas já que a moderadora, Clara de Sousa, lhe colocou a questão, aproveitou para criticar a forma como Rui Moreira comentou as acusações no caso Selminho. E alertou que os portuenses devem ter em conta que podem estar a votar na verdade para o número dois da candidatura de Moreira.
A vereadora Ilda Figueiredo lembrou que foi a CDU que suscitou o caso Selminho, pedindo "todos os esclarecimentos", não tendo aqueles que achava necessários, entregou o caso ao Ministério Público. Agora, diz, é o tribunal que se deve pronunciar.
Para Sérgio Aires, do Bloco de Esquerda, Rui Moreira agiu mal nesta questão. Mas, ainda assim, estando o caso na justiça, não será usado como arma de arremesso político. Porém, lembrou que, sendo Rui Moreira um independente, é nele (e não no partido) que os portuenses vão votar — e, caso tenha de ser substituído pelo número dois, a questão pode ser complicada.
Bebiana Cunha também deixa a questão para o poder judicial, mas não ignora a "nuvem negra" sobre a gestão municipal.
- Morar no Porto
A habitação foi o grande tema do debate, já que é também uma das grandes questões hoje no Porto. Rui Moreira diz que estão já em marcha programas para colmatar os problemas na habitação — apesar de, acusou, a verba prometida pelo governo ainda não ter chegado.
Para Tiago Barbosa Ribeiro, a habitação é a primeira, segunda e terceira prioridade para o mandato a que se candidata.
"Rui Moreira não quis intervir a tempo para conter o alargamento do alojamento local", acusou por seu lado Ilda Figueiredo, acenando com a chamada Lei Cristas. Agora, acrescentou, "é necessário regular o turismo, o alojamento local, mas, sobretudo, construir e recuperar habitação degradada — pública ou privada".
Para Sérgio Aires, os dois mandatos de Rui Moreira criaram uma "cidade-negócio", com a especulação imobiliária a afastar pessoas do Porto. "Isto é um tsunami que está a afetar os concelhos vizinhos", disse o eurodeputado, que pede cinco mil casas para habitação social.
Para o PAN, "faltou implementar uma estratégia local de habitação que resolva os problemas", disse Bebiana Cunha.
O candidato do Chega defende que a autarquia, não tendo tempo para construir novas habitações, deve comprar casas para apoiar estes programas.
- Mobilidade
A moderadora levantou a hipótese de portajar a Via de Cintura Interna (VCI, que atravessa a cidade) como forma de controlar o acesso à cidade — ideia imediatamente rejeitada por Rui Moreira: "A questão da mobilidade no Porto não se resolve através de portajar a VCI, resolve-se nomeadamente desportajando a circular externa para transportes pesados", disse o atual autarca, lembrando, aliás, projetos já apresentados no passado.
Para o autarca, é preciso "de alguma maneira encontrar soluções para que os transportes públicos resolvam o excesso de veículos" na cidade.
Mas, entre pilaretes e a largura das vias da avenida do Brasil, na Foz, Tiago Barbosa Ribeiro criticou a forma como as ruas da cidade estão a ser reabilitadas, lembrando que a intervenção na avenida Fernão de Magalhães, uma das mais importantes e longas do Porto, não contempla qualquer ciclovia.
Porém, o candidato do PSD lembra que "não se acaba com os carros por decreto" e, para isso, tem 275 medidas para melhorar a mobilidade no Porto.
- O salto de António Fonseca
António Fonseca, que nos últimos dois mandatos foi o presidente da junta do Centro Histórico do Porto (Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória) pelo movimento de Rui Moreira, é agora candidato apoiado pelo Chega à câmara. Explicou que, depois de passar pelo PSD e pelo PS, apoiou Moreira — mas, no último mandato, sobretudo na pandemia, não encontrou capacidade de resposta na câmara.
"Um presidente de câmara que se desliga das juntas de freguesias é o mesmo que se desliga dos reais cidadãos", acusa António Fonseca.
Rui Moreira disse depois que António Fonseca (que não tinha a maioria) não conseguiu gerir a junta de freguesia de modo a conseguir receber as transferências da câmara municipal. É que "a câmara municipal trata todas as juntas por igual", e o problema, diz Moreira, foi que o agora candidato do Chega "não conseguiu gerir a sua junta de forma a conseguir receber as verbas da câmaras".
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