Segundo a empresa Águas Públicas do Alentejo (AgdA), que procedeu hoje à assinatura do contrato da empreitada de conceção/construção da futura ETAR da Comporta, o investimento vai permitir tratar os efluentes que são descarregados “sem qualquer tratamento” no estuário do Sado, no litoral alentejano.
“É um projeto com 10 anos e com um forte impacto na comunidade, nas atividades económicas, nomeadamente no projeto da dimensão da Herdade da Comporta e outros conexos, e no ecossistema que merecia uma intervenção à altura”, disse à agência Lusa o presidente do conselho de administração da AgdA, Francisco Narciso.
A ETAR, cuja empreitada de construção, financiada por fundos comunitários, arranca em março, vai permitir tratar a totalidade dos efluentes urbanos dos cerca de 550 residentes na localidade da Comporta, que, durante a época alta, chega a atingir os 2.500 habitantes.
“Tínhamos esta população a descarregar os efluentes não tratados e não controlados diretamente para o estuário, através de uma rede de coletores. Naturalmente que se trata de carga orgânica que o estuário ia tendo capacidade para digerir, mas de facto é uma agressão grande”, reconheceu o vice-presidente da AgdA, João Silva Costa, à margem da cerimónia.
A obra, com um prazo de execução de 375 dias, deverá estar concluída em março de 2021, altura em que se prevê que a ETAR, “ainda em fase de testes e ajustes”, possa “tratar os efluentes e resolver um problema que era há muito desejado”, acrescentou.
A futura estação ficará equipada com “um sistema de tratamento tecnologicamente avançado”, que inclui tratamento primário, biológico e desinfeção adicional para a “produção de água para a reutilização e tratamento de lamas por desidratação”, segundo a AgdA, empresa do grupo Águas de Portugal.
“Estamos numa zona sensível, daí a nossa preocupação de não despejar nada para o estuário. Numa zona de aquífero, vamos tratar o efluente a um nível tal que permite que a água seja infiltrada no solo. Por um lado, não vamos despejar no estuário do Sado e, por outro, vamos recarregar o aquífero”, avançou o vice-presidente da AgdA.
Para fazer face ao estimado aumento da população, devido aos investimentos turísticos previstos para a zona, o projeto prevê, no futuro, a ampliação da capacidade para um máximo de 10 mil habitantes e a “utilização da água, depois de tratada, para rega dos espaços verdes”.
Para o presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, Vítor Proença, trata-se de “uma etapa muito importante” que permite avançar com um “investimento urgentíssimo que já deveria estar concluído”.
“Este investimento estava sinalizado há muitos anos, porque se trata de uma obra que faz muita falta, que só traz ganhos ao município de Alcácer do Sal e à freguesia da Comporta, em nome do ambiente”, frisou o autarca.
Em curso, desde novembro de 2019, está a construção do Sistema Intercetor e Tratamento de Águas Residuais da Comporta, um investimento de 830 mil euros, com um prazo de execução de 270 dias, que irá conduzir os efluentes gerados até à nova ETAR, envolvendo uma estação elevatória e 1,7 quilómetros de coletores.
A construção das duas infraestruturas representa um investimento global de 2,9 milhões de euros.
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