“Inacreditavelmente, a um mês e meio de eleições legislativas, o presidente do PSD e o seu núcleo duro decidiram tirar férias, a meio duma crise que preocupa os portugueses. A ausência total de PSD, durante duas longas semanas num período político crítico é inaceitável e apresenta um odor demasiado forte a uma incompetente arrogância para que eu consiga manter calado. O PSD é mais do que isto. O PSD não é isto”, escreveu Hugo Neto, na sua página pessoal na rede social Facebook.
O dirigente explicou serem estas as circunstâncias que o levaram a falar agora, quando inicialmente tinha apontado o período pós-eleições de outubro para clarificar a decisão da secção do Porto de abandonar as listas de candidatos a deputados.
“Nas listas, como no trabalho político diário, Rio não podia ter desiludido mais. Personificação máxima do `Princípio de Peter´ [da incompetência], Rui Rio, um bom autarca, com quem trabalhei na Câmara do Porto, rodeou-se de gente sem qualidade e tornou-se num presidente do PSD sem rumo nem estratégia”, criticou Hugo Neto.
Para o dirigente, “se é hoje quase unânime” que Rio “terá de sair” depois das eleições, devido a “tantos erros e passos em falso”, escusava “de ter escolhido a porta mais minúscula para a saída”.
Quanto ao processo de elaboração das listas, Neto lembra que fez “questão de transmitir ao presidente o quão grave e errado sinal seria deixar de parte um dos melhores do PSD, como Miguel Pinto Luz, uma incompreensível injustiça vetar ou, de forma mais covarde e menos assumida, relegar para a inelegibilidade Maria Luís Albuquerque ou esquecer o contributo de trabalho de Emídio Guerreiro”.
Para Neto, Rio “conseguiu cometer cumulativamente todos estes erros e falhas graves na construção das listas nacionais”.
“Mas o pior estava para chegar: na lista do seu distrito, no círculo onde havia prometido ser cabeça de lista, Rio conseguiu a verdadeira quadratura do círculo”, com uma lista que “não cumpre com a história e património político do PSD do Porto”.
De acordo com Hugo Neto, “Rui Rio impôs sete nomes, escolhas suas, na lista de deputados do Porto”. Para o presidente da concelhia, é “totalmente incompreensível que as escolhas finais de Rio no distrito não assegurem nenhum dos critérios lógicos para a construção duma lista de deputados”.
“Tenho estima por alguns dos candidatos mas, salvo raras e honrosas exceções, como a de Álvaro Almeida, as escolhas feitas não asseguram reforço de competências técnicas ao grupo parlamentar”, lamenta.
De acordo com Hugo Neto, as escolhas de Rio - que surge como número dois na lista eleitoral do PSD pelo Porto, sendo Hugo Carvalho o cabeça de lista - “também não representam as bases do partido, não garantem equilíbrio territorial e não cruzam verdadeiramente o partido com o melhor da nossa sociedade”.
“Rio fez as suas escolhas. Estatutariamente, tinha direito a elas, mas não são escolhas de um verdadeiro líder ou, sequer, de alguém que esteja minimamente preocupado em, escolhendo os melhores, deixar um legado positivo”, critica, acusando o partido de “desnorte”.
“Independentemente do lugar que fosse atribuído à primeira indicação da secção do Porto, não poderíamos validar, com o nosso silêncio cúmplice, um processo kafkiano que envergonharia Francisco Sá Carneiro. Os lugares são importantes mas mais importante é a nossa liberdade e coerência”, defende.
A Lusa tentou obter uma reação do presidente do PSD a esta posição do líder da concelhia do Porto, mas não teve sucesso até ao momento.
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