A resolução tinha sido promovida pelos Emirados Árabes Unidos, atualmente membro do Conselho, e parecia até que os Estados Unidos, maior aliado de Israel, não a iria vetar, como aconteceu em 2016, quando os EUA se abstiveram na resolução 2334, que pedia para suspender todos os colonatos.

Em vez disso, a presidência do Conselho – ocupada por Malta – leu uma declaração em nome de todos os membros reiterando a “profunda preocupação” com o anúncio do governo israelita no início deste mês de legalizar nove colonatos e construir cerca de 10.000 novas unidades em território palestiniano.

No comunicado, os membros do Conselho asseguravam que se iriam opor “fortemente a qualquer medida unilateral que impeça a paz”, clarificando as práticas imputadas ao Estado de Israel: novos colonatos, demolição de casas palestinianas, confisco de terras e deslocamento de civis.

No entanto, a declaração não exige que Israel retire qualquer uma dessas medidas nem que as condene.

Além disso, acrescenta várias referências a “ataques contra civis” e “atividades terroristas”, bem como critica à “glorificação do terrorismo”, numa tentativa de mostrar equidistância e distribuir as culpas entre israelitas e palestinianos.

A representante permanente dos Emirados nas Nações Unidas, Lana Nusseibeh, desvalorizou a retirada da resolução, dizendo que a declaração de hoje era importante, já que se trata da “primeira decisão do Conselho sobre esta questão, em mais de seis anos”.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, pediu a palavra para clarificar a rejeição dos colonatos.

“Opomo-nos ao anúncio de promover milhares de colonatos (…) Não apoiamos essas medidas. Ponto final. A atividade de colonatos não contribui para uma solução”, explicou a embaixadora norte-americana.

Contudo, o embaixador russo, Vasili Nebenzia, não hesitou em acusar os Estados Unidos de bloquearem a resolução, e denunciou a linha política de Washington, acusando-a de “trocar a paz política pela paz económica”.

Num comunicado posterior, a organização Human Rights Watch considerou que a resolução “foi diluída pela pressão dos Estados Unidos e de Israel” e reiterou que o Conselho “deveria pelo menos adotar uma resolução que condenasse claramente os colonatos”.