“Se a removermos do texto, que mensagem vamos enviar? A única forma de a humanidade conseguir viver no planeta é se nos livrarmos da dependência dos combustíveis fósseis que estão a tornar a nossa sobrevivência impossível. Tem de fazer parte das conclusões”, afirmou, numa conferência de imprensa.

O responsável respondia a um jornalista, que levantou a oposição de um grupo de 22 países em desenvolvimento que inclui a China e Índia [Like-Minded Developing Countries (LMDC)], que hoje revelou ter pedido a eliminação do capítulo sobre mitigação das conclusões da  26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), a decorrer em Glasgow.

No texto preliminar publicado na quarta-feira, é pedido aos países que “acelerem a eliminação do carvão e dos subsídios aos combustíveis fósseis” no capitulo da Mitigação, que são as medidas necessárias para reduzir o impacto das alterações climáticas.

Timmermans admitiu hoje a resistência de alguns países, mas afirmou que a União Europeia (UE) vai "fazer o possível para que a linguagem seja o mais dura possível” relativamente ao fim dos combustíveis fósseis e que remover a referência daria “um sinal extremamente mau".

“É do interesse dos mais pobres que insistimos fortemente no parágrafo da mitigação desta declaração. Quem é que vai beneficiar, os países que têm muito poucas emissões, ou vai beneficiar grandes emissores que não querem reduzir as suas emissões?”, questionou.

A COP26, que está prevista encerrar na sexta-feira, decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.