Este foi o quinto fim de semana consecutivo de manifestações na Coreia do Sul para pedir a saída de Park Geun-hye, envolvida num caso de alegado tráfico de influências, e os números, mesmo considerando os da polícia, mais modestos, confirmam que se tratou da maior mobilização destas semanas.
Estes protestos são também os maiores na Coreia do Sul desde as manifestações pró-democracia da década de 1980.
Segundo explicaram hoje fontes dos dois lados à agência de notícias AP, o número da polícia traduz uma estimativa de presenças nos protestos no pico de participação, enquanto os organizadores das manifestações, que começaram a meio do dia e só terminaram no sábado ao final da noite, levam em consideração as pessoas que foram entrando e saindo do protesto, com muitas, dizem, a permanecerem pouco tempo.
Han Seon-beom, da organização das manifestações, admitiu à agência que esta forma de medir a participação não é científica, mas insistiu em que é mais fiável do que a da polícia.
Já uma empresa decidiu contar o número de sinais de ‘wi-fi’ (internet) de telemóveis em 53 pontos diferentes da manifestação. Levando em consideração o número detetado, estimativas que dizem que metade dos utilizadores desliga o ‘wi-fi’ e que 20% dos sinais são do mesmo telemóvel, esta empresa conclui que cerca 738.700 pessoas estiveram nos protestos.
No sábado de manhã, a polícia da Coreia do Sul anunciou ter destacado 25 mil agentes devido os protestos convocados para a tarde e noite.
Os organizadores já esperavam 1,5 milhões de pessoas na capital e a adesão de mais 500 mil noutras grandes cidades da Coreia do Sul.
A indignação, incluindo de membros do próprio partido da Presidente, tem por base a ideia de que Park foi manietada durante o seu mandato por uma amiga, Choi Soon-sil, acusada num escândalo de corrupção e tráfico de influências.
A Procuradoria da Coreia do Sul revelou que a Presidente teve um papel “considerável” no escândalo e acusou formalmente Choi Soon-sil e dois antigos assessores presidenciais, indicando que Park cooperou com a amiga e os outros dois ex-colaboradores, que são suspeitos de terem pressionado mais de 50 empresas do país a doar 65,7 milhões de dólares (62 milhões de euros) a duas fundações.
Na quinta-feira, a principal força da oposição da Coreia do Sul, o Partido Democrático, anunciou que vai apresentar, no início de dezembro, uma moção parlamentar para acionar o processo de destituição de Park Geun-hye.
O escândalo “Choi Soon-sil Gate” reduziu a taxa de aprovação da Presidente a 5%, o valor mais baixo alguma vez alcançado por um chefe de Estado na Coreia do Sul desde que o país alcançou a democracia no final da década de 1980.
O mandato da Presidente termina dentro de 15 meses.
Caso Park se demita antes, a lei obriga a eleições no prazo de 60 dias.
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