Contactada pela agência Lusa, Tânia Trigueiros, da produção do Teatro da Cornucópia, indicou que essas serão algumas das questões a debater nas conversações que ainda continuam com o Ministério da Cultura.
"Temos um património de guarda-roupa, adereços e cenários reunidos ao longo destas décadas que é preciso inventariar e decidir para onde vão", indicou a produtora do teatro fundado por Luís Miguel Cintra em 1973, em conjunto com Jorge Silva Melo.
No sábado, a companhia realizou um último espetáculo de despedida do público com um Recital de Apollinaire e foi visitada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, que conversaram com a direção da companhia sobre as possibilidades de evitar o encerramento.
Na segunda-feira, a direção da companhia - Luís Miguel Cintra e Cristina Reis - emitiu um comunicado, esclarecendo que a decisão do encerramento era "incontornável" face ao quadro de financiamento insuficiente para levar a cabo os seus projetos.
"O Teatro da Cornucópia acaba no princípio do ano, na realidade já acabou. Com a mudança do Governo, a situação não se alterou. Disse o senhor ministro [da Cultura] que o assunto estava a ser acompanhado, estudado. Haverá por isso um próximo encontro com os representantes do Ministério da Cultura", assinala o mesmo comunicado.
No documento, acrescenta: "Não se tratará, portanto, agora de um estatuto de exceção, porque somos provavelmente exceção. A empresa dissolve-se nos próximos dias, dependendo apenas de procedimentos legais que terá de cumprir".
Contactada pela agência Lusa, fonte do gabinete do ministro declarou que o Ministério da Cultura "não faz comentários" sobre a decisão da companhia, mas indicou que a reunião com a Cornucópia ainda se irá realizar esta semana, na sequência do pedido de apoio para resolver as questões ligadas ao património, trabalhadores e jurídicas sobre o seu fim.
Luís Miguel Cintra, figura emblemática da histórica companhia, falou por várias vezes, nos últimos anos, nas dificuldades financeiras da companhia para continuar o seu trabalho dentro da filosofia do projeto.
No comunicado divulgado na segunda-feira pela Cornucópia, a questão dos apoios financeiros é abordada, quanto aos "sucessivos cortes", acrescentando que o projeto manteve-se devido a uma revisão das escolhas de programação, formas de produção e apoios da Câmara Municipal de Lisboa e dos Amigos da Cornucópia.
"A evidência, porém, da situação limite das nossas possibilidades de assegurar, neste quadro de financiamento, o cumprimento de novos projetos e, tal como dissemos na divulgação do espetáculo apresentado neste último sábado, considerámos como incontornável o fecho da empresa Teatro da Cornucópia", escrevem Luís Miguel Cintra e Cristina Reis, no comunicado.
Acrescentam que a empresa irá dissolver-se nos próximos dias, "dependendo apenas de procedimentos legais que terá de cumprir".
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