“O Ministério da Saúde e a Direção Geral da Saúde, com os seus parceiros (…) têm planos de contingência que são regularmente testados e que nos permitem dizer que nós estaremos preparados para detetar precocemente um possível caso que venha para Portugal e, perante essa deteção, fazer o isolamento, o diagnóstico laboratorial e eventual tratamento, contendo a exportação”, disse Graça Freitas ao ser questionada sobre as medidas que Portugal está a aplicar para detetar qualquer caso importado de infeção com o novo coronavírus originário da China.
“É isso que nos é pedido [pela OMS]”, sublinhou a responsável, acrescentando que “é preciso avaliar bem o risco e adequar as medidas a esse risco”.
O novo vírus, que causa pneumonias virais, foi detetado na cidade chinesa de Wuhan no final de 2019 e já provocou pelo menos 25 mortes, infetando centenas de pessoas.
Sobre as medidas a aplicar nos aeroportos, designadamente o rastreio de passageiros, Graça Freitas disse que essa medida, para já, não é aconselhada pela Organização mundial da Saúde e que é “uma tarefa do país de origem da doença (China), que tem de rastrear todos os passageiros que possam estar doentes na altura do embarque”.
“Depois, há um protocolo com os aviões e com os navios que faz com que um tripulante que detete um doente a bordo comunique ao comandante, que comunica com terra… o rastreio à entrada é só por um período muito curto e, como medida de saúde publica, não é a principal medida que nós podemos ter”, disse.
“Não quer dizer que não a tomemos no futuro [a medida do rastreio de passageiros nos aeroportos], mas, para já, o que vamos fazer, com o Alto Comissariado para as Migrações, é afixar cartazes para que os passageiros, logo no aeroporto, tenham conhecimento de que, se tiverem sintomas e se vierem de uma área afetada, a menos que a sua situação clínica seja muito grave, têm como conselho principal ligar para o SNS24 (808 24 24 24)”, explicou.
Graça Freitas sublinhou ainda que a capacidade das autoridades de saúde portuguesas para tratar casos “é boa, das melhores do mundo” e que é preciso “aguardar com tranquilidade a evolução do surto”.
“Os médicos, nos hospitais ou centros de saúde, têm uma linha de apoio e estão igualmente preparados para uma suspeita – têm uma linha de apoio médica para validar ou não os casos”, explicou ainda, dizendo que as autoridades já avaliarem três pedidos, que não foram validados e, por isso, as pessoas “seguiram a sua vida normal”.
“Se o risco escalar teremos de escalar as medidas, mas isso é noutra etapa e nessa altura falaremos”, acrescentou.
O vírus que surgiu na China é um novo tipo de coronavírus, que é transmitido entre animais e que passou para os seres humanos, havendo já registos de transmissão pessoa a pessoa, mas ainda em circunstâncias não totalmente fundamentadas.
Os primeiros casos do vírus, que recebeu o nome “2019 – nCoV”, apareceram em meados de dezembro em Wuhan, centro da China, quando começaram a chegar aos hospitais pessoas com uma pneumonia viral. Percebeu-se que todas as pessoas trabalhavam ou visitavam com frequência o mercado de marisco e carnes de Huanan, nessa mesma cidade.
Ainda se desconhece a origem exata da infeção, mas terão sido animais infetados, que são comercializados vivos, a transmiti-la aos seres humanos.
Os sintomas destes coronavírus são mais intensos do que uma gripe e incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias, incluindo falta de ar.
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