A história é contada pelo Correio Braziliense, o mesmo blog que conta a trama do corte de relações entre pai e filho, e as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa terão sido proferidas durante um jantar com jornalistas estrangeiros, na noite de terça-feira.

“Ele é uma pessoa que vem de um um país profundo, urbano-rural, com comportamentos rurais. É muito curioso, difícil de entender, precisamente por causa disso. Agora, é completamente independente, não influenciável e improvisador”, foi assim que a mais alta figura da nação se referiu ao Primeiro Ministro. Acrescentado que, ao contrário do antecessor, que “por ser oriental, era lento, gostava de informar, acompanhar e entregar", Montenegro por sua vez decide mais em cima da hora.

Mas nem a condição de não "oriental" fornece a Montenegro rapidez. Para Marcelo, também o atual o Primeiro Ministro tem a sua lentidão.  “António Costa era lento, por ser oriental. Montenegro não é oriental, mas é lento, tem o tempo do país rural, embora urbanizado. Faz-me lembrar o antigo PSD (Partido Social Democrata), que era isso. O PS (Partido Socialista) era Lisboa, a grande Lisboa, as áreas metropolitanas, e o PSD era o resto do país, sobretudo o Norte e o Centro-Norte”.

Mas não é por haver este regresso ao passado que a vida de Marcelo passou a ser mais calma. “Todos os dias, tenho surpresas, porque ele é imaginativo e tem um lógica de raciocínio como sendo de um país tradicional. É estimulante, mas, para mim, dá muito trabalho”.

"Não imaginam como é difícil eu adaptar-me a um novo primeiro-ministro", admitiu Marcelo Rebelo de Sousa no referido jantar no hotel de Lisboa, de acordo com o som cedido agência Lusa pelo Correio Braziliense, traçando o perfil do atual e do anterior chefe do Governo.

Segundo Marcelo, o estilo de Montenegro é "completamente diferente" do de António Costa. Montenegro "não é lisboeta nem portuense, é uma pessoa que vem de um país profundo, urbano-rural, urbano com comportamentos rurais".

"É muito curioso e dificil de entender precisamente por causa disso", acrescentou.

O atual primeiro-ministro é, segundo o Presidente, "um grande orador, que vai ganhar todos os debates parlamentares por causa disso".

"Mas é um político retórico, à antiga, não é um político estilo primeiro-ministro António Costa e muito menos estilo partidos populistas", é "discursivo, envolvente, difícil de acompanhar". Com Montenegro "eu todos os dias tenho surpresas. Com o primeiro-ministro António Costa, era ao contrário, tentava informar".

Marcelo comentou a sua tarefa diante do governo liderado por Montenegro: "É estimulante, mas para mim dá muito trabalho. Não me dava muito trabalho o primeiro-ministro António Costa, era previsível".

No som ouve-se também Marcelo a considerar que a lista da AD às eleições europeias foi "totalmente improvisada", com segredo guardado até à divulgação.

"A solução para a lista europeia é tipicamente uma improvisação, guardou segredo até ao último minuto", disse Marcelo no jantar com a imprensa estrangeira, antecipando que Montenegro "vai ser um político de silêncios" e irá utilizar muitas vezes "o efeito-surpresa".

"Vai ser um político de silêncios. Já não tínhamos isso desde o general Eanes, a gestão do silêncio. O efeito surpresa", comentou ainda o Presidente da República.

*Com Lusa