Numa entrevista ao jornal Público e à rádio Renascença, hoje publicada, António Costa Silva diz que o “comportamento extraordinário” das exportações lhe dá a “convicção” de que a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) pode atingir este ano um “resultado magnífico” de “3% ou um bocadinho acima disso”.
Ainda assim, aponta como “grande imponderável” o comportamento da economia alemã, que poderá inviabilizar esta meta: “[A recessão na Alemanha] é outro grande imponderável. Aí já não conseguiríamos atingir os 3%. Por enquanto, é uma recessão técnica. É muito possível que a Alemanha ainda recupere. Mas se isso não acontecer, a recessão na Alemanha, se continuarmos a ter um comportamento expressivo das exportações e a redução da taxa de inflação e das taxas de juro, vou ver na segunda parte do ano mais contribuição do consumo interno”, afirma.
Sobre a eventual redução da carga fiscal sobre as famílias, que defendeu esta semana numa entrevista ao jornal espanhol El Mundo, Costa Silva recordou que “o ministro das Finanças já anunciou, tendo uma almofada extremamente importante que deve ser distribuída aos cidadãos, que vai fazer uma redução do IRS nos próximos anos”.
“É uma medida extremamente positiva. Se nós a conseguimos combinar com um alívio seletivo ou transversal do IRC podemos ter um quadro ainda mais competitivo”, sustentou.
Embora admitindo que não há ainda “consenso” no executivo sobre esta matéria – “o Governo continua a debater, a discutir. […] Vamos ver como é que vamos chegar a uma solução”, disse – o ministro da Economia e do Mar assume a “opinião muito firme de que o regime fiscal quando é aliviado tem um impacto muito grande na economia, quer nas empresas, quer nas famílias”.
Relativamente ao imposto sobre os lucros inesperados das empresas, aplicado ao setor energético, o ministro da Economia considera que “esses impostos só se justificam em situações pontuais e esporádicas” e que, “assim que desaparecem essas circunstâncias, devem ser removidos” para não “penalizar excessivamente as empresas”.
“Desde que desapareçam as circunstâncias que permitiram gerar lucros excessivos devem ser reavaliados. A energia está a baixar de uma forma muito clara”, reiterou.
Questionado sobre se o bloqueio do Governo ao investimento de empresas chinesas no 5G poderá levar a retaliação por parte da China, António Costa Silva enfatizou a sua posição de que “as empresas são bem-vindas, desde logo as empresas chinesas”, mas admitiu que “a parte do 5G, os sistemas de informações são questões mais complexas e que têm que ser atendidas”.
“E espero que se encontre uma solução”, acrescenta.
No que respeita ao atual contexto político em Portugal, o governante lamenta que o país esteja “muito polarizado nos casos, nos casinhos” e fala numa “hiper-partidarização”, mas garante não ver “muito os efeitos da crise política” no seio do Governo e destaca a “liderança forte” do primeiro-ministro, António Costa.
“Ele tem um grande talento político e penso que é o político mais dotado da sua geração. A questão para não haver crises, ou pelo menos para as crises não terem grandes efeitos, é a questão da liderança. A liderança distingue tudo”, sustenta, avisando: “Não tenho dúvida absolutamente nenhuma, se houver alguma decisão no sentido de se fazer eleições, não subestimem a capacidade do primeiro-ministro. Ele já a mostrou inúmeras vezes”.
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