Portugal regista hoje 1.410 mortes relacionadas com a covid-19, mais 14 do que no sábado, e 32.500 infetados, mais 297, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.
O boletim revela que há mais uma morte com idade entre os 20 e os 29 anos. Desta vez trata-se de uma mulher, enquadrada num quadro de "doença associada à covid-19", disse a ministra da Saúde, Marta Temido. Anteriormente, tinha já sido registada a morte de um homem no mesmo grupo etário. São as vítimas mais novas, em Portugal, da covid-19, que tende sobretudo a fazer vítimas mortais nos grupos etários mais avançados.
Estes dados foram divulgados ao início da tarde deste domingo pelas autoridades de saúde.
Em comparação com os dados de sábado, em que se registavam 1.396 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 1%.
Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (32.500), os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) revelam que há mais 297 casos do que no sábado, o que representa um aumento de 0,9% em relação ao dia anterior.
A região Norte continua a ser a que regista o maior número de mortos (784), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (357), do Centro (238), do Algarve e dos Açores (ambos com 15) e do Alentejo, que regista um óbito, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de sábado, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.
INEM fará maioria dos rastreios na construção civil
"Neste momento, os meios envolvidos são sobretudo do INEM para efeitos de colheita de amostras de material biológico", referiu a ministra da Saúde, Marta Temido, durante a conferência de imprensa.
Segundo a membro do Governo, este tipo de colheita é mais eficiente, referindo que uma das sete equipas do INEM dedicadas a este tipo de atuação colhe, por dia, entre 200 a 300 amostras de material biológico.
"É o foco principal da nossa estratégia, complementada pela continuidade dos centros de testes e pelas unidades de cuidados de saúde primários", acrescentou.
De acordo com Marta Temido, a capacidade instalada em Lisboa e Vale do Tejo permite realizar cerca de quatro mil análises por dia no setor público e três mil em "ambiente privado e parceiros".
"É esta a capacidade que estamos a mobilizar", frisou.
Serviços do SNS nas zonas com novos surtos sem retoma da atividade normal
A ministra da Saúde admitiu hoje que os serviços do SNS nas zonas da Grande Lisboa que estão a responder aos surtos de covid-19 nesta região não poderão retomar a sua atividade normal devido a este aumento da procura.
Marta Temido falava na conferência diária sobre a evolução da pandemia de covid-19 em Portugal, numa altura em que mais de 85% dos novos casos se registam na região da Grande Lisboa.
Por esta razão, as autoridades estão a focar o trabalho de contenção do novo coronavírus nesta região, tendo-se hoje reunido com vários responsáveis dos municípios envolvidos.
Segundo a ministra, estão a trabalhar na resposta a estes surtos específicos os Agrupamentos dos Centros de Saúde de Loures, Odivelas, Amadora e Sintra.
Por estarem pressionados por esta maior procura, estas unidades de saúde são confrontadas com a “inviabilidade” de retomarem a sua atividade normal, o que já teria acontecido se os surtos não tivessem ocorrido, segundo a ministra da Saúde.
Ministra diz que já há pessoas em habitação alternativa para cumprir isolamento
"Já há pessoas nessa situação", afirmou a ministra da Saúde, Marta Temido, durante a conferência de imprensa diária de balanço sobre a pandemia em Portugal, quando questionada pela agência Lusa sobre se já havia casos em que o Governo estava a assegurar uma alternativa para moradores sem condições para cumprir o isolamento.
Sem precisar o número de casos concretos nessa situação, a ministra afirmou que estruturas como Pousadas da Juventude, espaços do Inatel ou estruturas de campanha estão "disponíveis para acolher essas pessoas", tal como já foi feito para assegurar uma alternativa para residentes em lares onde houve surtos de covid-19.
Apontando para o exemplo da Amadora, que visitou esta manhã, a ministra salientou que, no concelho, a Cruz Vermelha já tem disponíveis "cerca de uma centena de camas para esse efeito" e que serão utilizadas caso seja necessário.
O Governo anunciou na sexta-feira que vai criar um plano de realojamento de emergência para as pessoas que vivam em habitações precárias e sobrelotadas na Área Metropolitana de Lisboa.
“Trabalharemos para desenvolver um plano de realojamento de emergência para permitir a separação de pessoas que estejam infetadas das que não estão, tal como fizemos em relação a alguns lares”, afirmou o primeiro-ministro, António Costa, no final da reunião de hoje do Conselho de Ministros que aprovou medidas para a terceira fase de desconfinamento no âmbito da pandemia da covid-19.
Ministra descarta “disparidade de tratamento” em relação ao Bairro da Jamaica
"Não existe nenhuma disparidade de tratamento. O trabalho de saúde pública conta com a proporcionalidade e adequação de respostas àquilo que são as necessidades. Temos aqui fenómenos de natureza diferente", afirmou a ministra da Saúde, Marta Temido..
A ministra respondia a uma questão sobre se não haveria disparidade de tratamento nas duas situações, face ao enorme dispositivo policial que foi acionado no sábado para o chamado Bairro da Jamaica.
Para Marta Temido, no caso do Bairro da Jamaica a situação prendia-se "com utilização inadequada de espaços de consumo, como restaurantes, cafés ou bares, onde o não acatamento das indicações de utilização" levaram "a determinar o encerramento e depois as autoridades aplicam-no".
As autoridades de saúde encerraram no sábado oito estabelecimentos comerciais, entre cafés e bares, em Vale de Chícharos, conhecido como Bairro da Jamaica, no Seixal, devido à pandemia da covid-19, numa ação que contou com um forte dispositivo policial.
No fim da operação, a comissária Maria do Céu Viola, do Comando de Setúbal da PSP, explicou aos jornalistas que, entre cafés e bares, “oito locais identificados pelas autoridades de saúde foram selados, fechados a cadeado e os proprietários notificados do encerramento”.
Já no caso da Sonae da Azambuja, "as circunstâncias são de tipo empresarial, onde a abordagem também é no sentido do cumprimento das regras, mas em contexto laboral", salientou a ministra da Saúde.
"São dois tipos de intervenção distintos", acrescentou.
Governo estuda recorrer a profissionais das escolas de saúde pública em Lisboa
"Não está fora de hipótese a circunstância de recorrermos às próprias escolas que trabalham na saúde pública, que têm competências e profissionais e técnicos altamente capacitados para poderem ajudar neste trabalho", disse a ministra quando questionada sobre uma eventual falta de especialistas de saúde pública na Grande Lisboa.
A ministra adiantou que "a região [de Lisboa e Vale do Tejo] tem 99 especialistas de saúde pública e depois um conjunto de outros recursos", salientando que a resposta poderá também passar por alocar profissionais de saúde pública de outros pontos da região menos sobrecarregados para os concelhos mais afetados pela covid-19.
Marta Temido vincou que há ainda "a disponibilidade de profissionais de saúde pública de outras áreas do país", num trabalho que está a ser articulado com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.
Marcelo apela à contenção dos mais jovens e avisa que regras “valem para todos”
O Presidente da República apelou hoje aos mais jovens para que respeitem as regras de distanciamento impostas pela pandemia de covid-19 e avisou que as normas sanitárias "valem para todos".
Em declarações recolhidas pelas televisões à entrada para a missa na Sé de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou o elogio às várias confissões religiosas em Portugal pelo exemplo que deram nesta pandemia e, em concreto nesta ocasião, à igreja católica.
"A igreja, com uma sabedoria de milénios, deu um exemplo ao povo português", afirmou.
Questionado sobre as medidas para a terceira fase do desconfinamento anunciadas pelo Governo na sexta-feira, com restrições especiais para a Área Metropolitana de Lisboa, o chefe de Estado dirigiu um apelo aos mais jovens, considerando que os que trabalham diariamente na construção civil, indústria ou comércio "estão expostos naturalmente a riscos de contágio".
"Agora não faz sentido que os jovens estejam a organizar festas com centenas de pessoas e muito próximas e sem preocupação de distanciamento", afirmou.
O Presidente de República acrescentou que, se os jovens "têm a sensação de que não correm riscos, podem transportar riscos".
"As normas sanitárias devem valer para todos, devem valer para os bairros periféricos de Lisboa para impedir riscos de saúde, mas devem valer também em festas de sociedade em que se pede aos jovens que, verdadeiramente sem pensarem nos riscos que acham que não correm, se dispensem de ir longe de mais, depressa de mais, com risco para os outros", avisou.
Os primeiros casos do novo coronavírus foram anunciados no fim do ano, na China, e mais de dois meses para Portugal anunciar os primeiros infetados. Em 16 de março era anunciado a primeira morte devido à covid-19. Agora são quase 1.500.
O boletim em detalhe
Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, 717 vítimas mortais são mulheres e 693 são homens.
Das mortes registadas, 948 tinham mais de 80 anos, 274 tinham entre os 70 e os 79 anos, 125 tinham entre os 60 e 69 anos, 45 entre 50 e 59, 15 entre os 40 e os 49. Subiu para dois os mortos entre os 20 e os 29 anos. Há ainda um outro óbito na faixa etária entre os 30 e os 39 anos.
A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 474 doentes estão internados em hospitais, menos 40 do que na sexta-feira, e 64 estão em Unidades de Cuidados Intensivos, mais um do que no dia anterior.
A recuperar em casa estão 11.207 pessoas.
Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.400), seguido por Vila Nova de Gaia (1.568), Porto (1.357), Matosinhos (1.280), Braga (1.225) e Gondomar (1.083).
Desde o dia 01 de janeiro, registaram-se 325.026 casos suspeitos, dos quais 2.016 aguardam resultado dos testes.
Há 290.510 casos em que o resultado dos testes foi negativo, refere a DGS, adiantando que o número de doentes recuperados subiu para 19.409 (mais 220 do que no sábado).
A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 16.760, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo, com 11.142, da região Centro, com 3.744, do Algarve (370) e do Alentejo (259).
Os Açores registam 135 casos de covid-19 e a Madeira contabiliza 90 casos confirmados, de acordo com o boletim hoje divulgado.
A DGS regista também 27.924 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Do total de infetados, 18.644 são mulheres e 13.856 são homens.
A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (5.459), seguida da faixa dos 50 aos 59 anos (5.365) e das pessoas com idades entre os 30 e 39 anos (4.918).
Há ainda 4.545 doentes acima dos 80 anos, 4.296 entre os 20 e os 29 anos, 3.546 entre os 60 e 69 anos e 2.600 com idades entre 70 e 79 anos.
A DGS regista igualmente 673 casos de crianças até aos nove anos e 1.101 jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.
De acordo com a DGS, 40% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 20% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 11% dificuldade respiratória.
Esta informação refere-se a 91% dos casos confirmados.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 364 mil mortos e infetou mais de 5,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 2,4 milhões de doentes foram considerados curados.
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