Para o presidente da APAH, “não faz sentido pensar em respostas um pouco amadoras e voluntaristas como colocar, por exemplo, alunos de enfermagem, e não desvalorizando a sua importância, a fazer trabalho que deve ser feito por profissionais de saúde".
Alexandre Lourenço aludia ao anúncio da Direção-Geral da Saúde sobre estudantes finalistas de enfermagem irem apoiar médicos de saúde pública na realização de inquéritos epidemiológicos, uma medida já contestada pela Ordem dos Enfermeiros por haver centenas de enfermeiros desempregados.
Esta posição é partilhada por Alexandre Lourenço, que afirma que "é necessário contratar pessoas disponíveis e profissionais qualificados, nem que seja a termo, dentro do quadro da pandemia, para assegurar que se mantêm os serviços ativos e operacionais”.
Esses enfermeiros devem ser integrados nas equipas de saúde pública para a quebra das cadeias de transmissão, até porque o limite da capacidade de resposta dos hospitais vai estar condicionada a este “instrumento maior” em termos de controlo da pandemia.
“Não faz sentido é estarmos a atravessar dia após dia mais de 2.000 casos de Covid-19, muitos deles não são conhecidos porque não estamos a fazer todo o inquérito epidemiológico e estarmos limitados por falta de recursos”, salientou.
Outros países reforçaram os seus recursos em março e abril e hoje têm essas equipas completamente operacionais, o que ainda não acontece em Portugal “e não é por falta de profissionais disponíveis como disse a Ordem dos Enfermeiros”.
Relativamente à contratação de profissionais de saúde, Alexandre Lourenço defendeu que é preciso ter “mecanismos flexíveis”, afirmando que não se pode enfrentar o mesmo problema que ocorreu com as colocações dos médicos de família que esperaram meses para terem o resultado de um concurso e no final 40% deles rescindiram com o Serviço Nacional de Saúde.
“Temos que ter mecanismos ágeis e atrair profissionais do setor privado para o setor público, mas para isso é preciso dar condições a estes profissionais e aproveitar janelas de oportunidade”, disse, apontando o caso dos médicos intensivistas em que “existe uma limitação de recursos humanos que é reconhecida por todos”.
Pode investir-se em ventiladores, em instalações físicas, mas “a maior limitação são os recursos humanos e nós devemos ter mecanismos específicos que não podem ser similares à restante Administração Pública para serem utilizados”.
“Nesta área da Medicina Intensiva não estamos a falar só de médicos, mas também de enfermeiros e esses existem e atualmente ainda não temos autorização para os contratar”, lamentou.
Alertou ainda que “a exaustão” dos profissionais vai levar a um aumento da letalidade e, por isso, é preciso ter “equipas frescas, capazes para reduzir a mortalidade causada pela covid-19 e, neste momento, isso não está assegurado se tivermos a evolução da pandemia que é prevista”.
“O que se pede é que o Ministério da Saúde operacionalize as medidas e que as coloque à disposição de quem sabe lidar com estas circunstâncias que são as equipas de saúde pública, de cuidados de saúde primários e as equipas hospitalares” e que haja “uma articulação clara e ágil com o setor social para revolver este problema que estamos a enfrentar”, sublinhou.
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