"Esta reunião de hoje é muito importante porque estamos num momento crucial, estamos a aproximar do período outono/inverno, em que muitas das pessoas que estavam em férias vão regressar às suas atividades normais e onde vamos retomar a atividade letiva", disse António Costa à entrada da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
Segundo o primeiro-ministro, este trata-se de um "momento crítico", pois "aumentando o ritmo da atividade e o número de pessoas em atividade, necessariamente o risco de contágio vai aumentar".
Esta sessão – que marca o regresso daquelas que ficaram conhecidas como as “reuniões do Infarmed” -, decorre para acertar as medidas a adotar a partir de 15 deste mês, quando o continente português, de forma preventiva, entrar em situação de contingência.
Estas reuniões, que surgiram por iniciativa do primeiro-ministro, com um objetivo de partilha de informação, começaram no dia 24 de março e decorreram até 8 de julho, em 10 sessões no auditório do Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos da Saúde, em Lisboa, inicialmente semanais e depois de periodicidade quinzenal.
Costa justificou ainda o retomar da "audição dos especialistas", interrompida durante o verão, não só para fazer um ponto de situação, mas para "perceber bem o que é que se está a passar no conjunto da Europa e porque razão é que há um aumento significativo de casos mais cedo do que muitos esperávamos e o que todos devemos fazer para podermos prevenir esse risco que vai aumentar".
Dado esse risco, o primeiro-ministro quis relembrar os portugueses que "até haver vacina, a pandemia não passou e é essencial mantermos estes cuidados, que passam por usarmos máscaras, repetidamente lavarmos as mãos ao longo do dia e mantermos o distanciamento físico uns dos outros".
Costa, porém, não avançou com que periodicidade é que estas reunião vão acontecer nos próximos meses.
Quanto às possíveis medidas que vão ser discutidas na reunião e anunciadas após o Conselho de Ministros da próxima quinta-feira, Costa disse que é preciso "adotar as medidas necessárias, mas que seja suficientes", ou seja, "não deixar de fazer tudo o que é necessário fazer para conter a pandemia, mas não fazer nada de mais que não seja necessário e que seja uma perturbação excessiva da vida das pessoas e das empresas”.
Por isso mesmo, o primeiro-ministro disse que é preciso "evitar a todo o custo as soluções que tivemos de adotar em março e abril porque, do ponto de vista social e económico, não são, obviamente, sustentáveis. Não podemos voltar a uma paralisação global da economia, porque sabemos bem o brutal custo que isso está a ter no emprego, no rendimento das famílias e na vida das empresas”.
"O que aprendemos de março para cá é que se todos cumprirmos as regras, conseguimos controlar o aumento exponencial da pandemia e isso é fundamental para que não haja uma sobrecarga dos serviços de saúde e que estes possam continuar sempre a dar resposta às necessidades", lembrou António Costa.
O primeiro-ministro destacou que o país nunca esteve "em nenhuma situação crítica da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde". "Estamos a robustecê-lo, mas a melhor forma de defender o SNS é proteger-nos uns aos outros", disse, adiantando que o seu principal receio é que "cada contaminação possa atingir alguém que esteja em situação de risco particular, seja idoso ou porque tem outras comorbilidades, e que isso faça perder uma vida humana".
António Costa destacou ainda que esta reunião "é também um bom momento de prestar uma homenagem à academia do Porto, que tem sido muito importante em diversas dimensões ao longo destes meses, quer nos estudos epidemiológicos que o Instituto de Saúde Pública tem feito, quer no desenvolvimento que tem sido feito na app Stayaway Covid e noutras áreas".
Costa considera que deteção de infeções em lares não é feita precocemente
António Costa afirmou também não haver uma “deteção precoce” de casos de infeção nos lares, sendo as notificações feitas já com “40, 50 ou 60 casos”.
"É essencial evitar essa identificação tardia porque quanto mais cedo se detetar um caso de infeção, mais rapidamente se trava a propagação da mesma", vincou. Os lares são locais de “grande preocupação” porque têm uma grande concentração de pessoas de risco, ressalvou o primeiro-ministro.
O chefe do Governo lembrou que o país tem tido, pontualmente, situações “muito críticas" nos lares, sendo por isso essencial “não baixar a guarda”.
“Sem querer desvalorizar nenhum caso, porque um caso em si é grave, temos de ter em conta que o número de casos que temos tido é percentualmente limitado relativamente ao universo potencial”, entendeu.
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